"O processo de vacinação tem sido pouco afetado em Portugal por essa comunicação errática à volta da Astrazeneca, que se calhar até tem mais a ver com guerras comerciais, de posicionamento no mundo, do que com a eficácia da vacina", afirmou o vice-almirante Gouveia e Melo numa palestra organizada pelo Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Gouveia e Melo defendeu que a vacina é "eficaz e segura" e lamentou que tenha sido "diabolizada de alguma forma na comunicação social", indicando que tem tido "um escrutínio extraordinário" que nem sempre se aplica a outras vacinas contra a covid-19.
"Qualquer pessoa que depois daquela vacina tenha uma pequena reação, isso é tudo registado. Mas nas outras, também há reações e se calhar não estão a ser registadas ou escrutinadas com tanto cuidado", argumentou.
Referiu que no caso de Portugal, "reduziu-se imenso o grau de aplicação da vacina, fornecendo-a para faixas etárias superiores a 60 anos" e que isso "aumentou a segurança da distribuição da vacina", apesar de ter diminuído a sua eficácia, porque se "reduziu o núcleo de pessoas" a quem esta era distribuída.
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As autoridades de saúde portuguesas suspenderam a meio de março a aplicação da vacina da farmacêutica anglo-sueca por possíveis associações a casos raros de coágulos sanguíneos, decisão revertida poucos dias depois com um parecer da Agência Europeia do Medicamento.
Finalmente, em abril, foi decidido só administrar a vacina da Astrazeneca a pessoas com mais de 60 anos.
"As vacinas também matam. Todos os medicamentos matam. Uma aspirina também mata, só que a probabilidade de matar é ínfima. A probabilidade de curar ou salvar é gigantesca", salientou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.500.321 mortos no mundo, resultantes de mais de 168,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.022 pessoas dos 847.006 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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