“Apesar de o fornecimento de vacinas contra a covid-19 a África ter aumentado significativamente, o continente está com dificuldades em expandir a distribuição, tendo apenas 11% da população completamente vacinada”, disse a OMS, acrescentando: “A taxa de vacinação precisa de aumentar seis vezes se o continente quiser cumprir a meta de 70% em meados deste ano”.

Num comunicado distribuído a partir de Brazzaville, a capital da República do Congo, a OMS lembra que “até agora, África recebeu mais de 587 milhões de doses de vacinas, 58% através da Covax [iniciativa internacional de distribuição de vacinas], 36% de acordos bilaterais e 6% através do Fundo Africano de Aquisição de Vacinas da União Africana (AVAT)”.

Citada no comunicado, a diretora da OMS para África, Matshidiso Moeti, afirmou: “O mundo ouviu finalmente os nossos apelos, porque África está agora a aceder às vacinas que já pediu há muito tempo, o que é uma dose de esperança para este ano”.

A diretora regional avisou, no entanto, que “um fornecimento sustentável deve ser acompanhado de financiamento operacional para garantir que as doses saem dos armazéns e chegam mesmo ao braço das pessoas”.

O número semanal de vacinados em África está a aumentar, em média, em seis milhões por semana, mas “este número tem de aumentar para 36 milhões para se chegar aos 70% acordados a nível global”, concluiu a responsável.

Para colmatar o défice de financiamento operacional na ordem dos 1,29 mil milhões de dólares (1,13 mil milhões de euros), a OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e outros parceiros para o desenvolvimento estão a mobilizar peritos para 20 países africanos com problemas na distribuição de vacinas para criar equipas especiais nesta área.

O alerta da OMS surge no mesmo dia em que foram apresentados os mais recentes números da evolução da doença no continente africano, que mostram que o número de mortes em África por covid-19 subiu 5% na última semana, para 240 mil, num total de 10,8 milhões de casos registados no continente.

Durante a habitual conferência de imprensa semanal, o diretor do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, explicou que este aumento, de 235 mil para 240 mil mortes durante a última semana, é normal devido ao número de casos nas semanas anteriores.

“Nas últimas quatro semanas, entre 03 e 30 de janeiro, houve uma descida de 10% na média de casos e um aumento de 20% no número de mortes, mas quero enfatizar que isto é normal, porque as mortes surgem normalmente depois da infeção, as pessoas ficam doentes e vão ao hospital, e só depois podem morrer, e é por isso que os casos descem e as mortes sobem”, disse Nkengasong.

Olhando para esta semana, em comparação com a anterior, o África CDC registou um total de 194 mil casos, o que representa uma descida média de 16% face ao número da semana passada.

No total, o continente africano registou 10,8 milhões de casos de covid-19, resultando na morte de 240 mil pessoas, com África do Sul, Marrocos, Tunísia, Etiópia e Líbia a representarem 60% do número de casos.

A covid-19 provocou pelo menos 5.698.322 de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante do mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.