“Os professores assim como todos os funcionários das escolas devem ser priorizados na toma da terceira dose da vacina. Estamos diariamente em contacto com crianças e jovens que pertencem, neste momento, aos grupos etários com mais casos de novos contágios”, defendeu o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) em declarações à Lusa.

A posição de Filinto Lima é corroborada por Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE): “Depois dos profissionais de saúde e das pessoas mais velhas ou com problemas de saúde, entendemos que os profissionais de educação devem estar entre os grupos prioritários de vacinação”, disse à Lusa.

Os professores e trabalhadores não docentes começaram a ser vacinados no final de março, tendo sido considerados como um dos grupos prioritários no processo de vacinação, que arrancou há cerca de um ano (a 27 de dezembro de 2020).

“A história mostrou que tínhamos razão”, sublinhou Manuel Pereira, referindo-se às reivindicações de sindicatos e diretores escolares para que os profissionais de educação fossem então considerados um dos grupos prioritários.

Atualmente, mais de 85% da população em Portugal tem o plano vacinal concluído, mas novos estudos recomendam um reforço da vacina, para compensar a perda de imunidade que se verifica ao longo do tempo.

As autoridades de saúde nacionais avançaram já com um novo plano de toma de uma terceira dose, tendo apontado como grupos prioritários os profissionais de saúde, as pessoas mais idosas, os trabalhadores e utentes de lares de idosos ou espaços semelhantes e bombeiros que tripulam ambulâncias.

Hoje, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu que entre os grupos prioritários deveriam estar também os professores, porque lidam diariamente com centenas de crianças e jovens, que são os que apresentam atualmente níveis de transmissibilidade do vírus mais elevados.

Para a Fenprof, o Governo deveria aprovar esta medida no conselho de Ministros de quinta-feira.

Na véspera da reunião do Governo em que serão decididas novas ações para conter a disseminação da covid-19, a Fenprof defendeu ainda o "reforço das condições de segurança sanitária nas escolas, designadamente a utilização de máscara em todos os espaços".

Em 1 de outubro, o uso de máscaras nos espaços escolares ao ar livre, como os recreios, deixou de ser obrigatório, mantendo-se a sua obrigatoriedade dentro das salas de aulas.

Questionados sobre esta proposta, os dois representantes dos diretores escolares garantem que “na maioria das escolas” os alunos continuaram a usar máscara nos espaços exteriores.

Para os diretores seria mais importante equacionar o alargamento do uso da máscara aos alunos mais novos, caso os especialistas considerem que a medida podia vir a reduzir os riscos de contágio.

“Já há crianças do 1.º ciclo que usam máscara na escola, mas penso que o seu uso poderia ser alargado a todos os alunos do 1.º ciclo, que é onde atualmente incide uma maior taxa de novos casos”, disse Filinto Lima, sublinhando que a ideia teria de ser sempre suportada por uma base científica.

Atualmente, o grupo etário com maior incidência de infeções é o das crianças até aos 9 anos, que corresponde a uma faixa da população não vacinada, sendo o uso da máscara obrigatório apenas a partir do 5.º ano de escolaridade.

A posição da Agência Europeia do Medicamento sobre vacinação dos mais novos, ou seja, das crianças com menos de 12 anos, é outra das expectativas dos diretores, que sublinham que “neste momento, são essas as crianças que estão a ir para casa”.

“No ano passado, era entre os jovens do 3.º ciclo e do secundário que se registavam mais casos de covid, mas com a vacinação, agora é entre os mais novos que há mais casos que obrigam a ficar em isolamento profilático”, recordou Filinto Lima.

As escolas continuam a “cumprir escrupulosamente as regras de combate à covid”, numa altura em que “a sociedade desconfinou muito rapidamente”, referiu Filinto Lima.

“Nas escolas continuam a existir circuitos de circulação, bolhas e o uso de máscaras. Nós mantemos os mesmos planos de contingência, enquanto nos espaços públicos tudo mudou. No essencial, as medidas nas escolas mantêm-se inalteradas”, corroborou Manuel Pereira.