“Ainda temos uma janela de oportunidade para, como continente, vencer a pandemia porque 36 dos 55 estados-membros [da União Africana] ainda registam menos de 5 mil casos de COVID-19″, disse John Nkengasong.

“Se fizermos um conjunto de coisas corretamente, agressivamente e consistentemente temos boas hipóteses de derrotar esta pandemia, o que inclui usar máscara e aumentar a testagem e a monitorização de casos”, acrescentou.

O diretor do Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC) falava aos jornalistas, a partir de Adis Abeba, na habitual conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia em África.

Ainda assim, John Nkengasong advertiu que não é possível baixar a guarda e mostrar cansaço no combate à COVID-19 no continente.

Segundo os dados mais recentes, apresentados na conferência de imprensa, o continente regista um total de 992.762 casos de COVID-19, de que resultaram mais de 21.100 mortes.

A grande maioria dos casos registados estão concentrados em apenas cinco países: África do Sul (53%), Egito (10%), Nigéria (4,5%), Gana (4%) e Argélia (3,3%).

Esta semana foram comunicados 99.500 novos casos, o que representa um aumento de 11% em relação à semana anterior, e 2.700 novas mortes por COVID-19.

O aumento de novos casos é inferior ao das últimas semanas, mas Nkengasong diz que embora seja tentador ver uma diminuição, os números devem ser observados durante várias semanas para determinar a tendência real de infeções num continente de 1,3 mil milhões de pessoas.

Dez países do continente apresentam taxas de mortalidade superiores à média mundial de 3.8%: Chade (8%), Sudão (6.5%), Libéria (6.4%), Níger (6%), Egito (5,2%), Burkina Faso (4.7%), Angola (4.4%) e Argélia (3.8%).

A República Democrática Sarauí regista uma taxa de mortalidade de 20%, mas o responsável do África CDC ressalvou que o país tem um número muito baixo de casos e um surto muito recente.

Do total de infetados, 56% dos doentes recuperaram.

John Nkengasong assinalou ainda o facto de o continente ter já realizado 8.8 milhões de testes, o que representa 90% da meta de testagem estabelecida em abril.

Mais de 80% dos testes foram realizados em 10 países: África do Sul, Egito, Nigéria, Gana, Marrocos, Quénia, Etiópia, Ruanda, Uganda e Maurícias.

O responsável do África CDC disse ainda que a organização está a atualizar a estratégia de combate à pandemia tendo em conta o gradual fim dos confinamentos e a abertura das fronteiras e das escolas, anunciando o lançamento de uma campanha para “salvar vidas, negócios e escolas”.

“A campanha tem três objetivos: proteger as fronteiras e os viajantes, salvar os negócios e os modos de vida das populações e proteger as escolas”, disse John Nkengasong, sublinhando, neste processo, o contributo do setor privado.

Adiantou ainda neste contexto, que o África CDC está a trabalhar com os países para aumentar os testes nas fronteiras e para harmonizar os critérios para a sua realização.

“Os requisitos não estão uniformizados no continente, há países que exigem testes, há países que não e o prazo de validade dos testes ainda não está bem definido”, exemplificou.

O responsável apontou também a necessidade de intensificar a vigilância e a testagem nas escolas, afirmando que estão em preparação orientações para a abertura dos estabelecimentos de ensino.