Ao contrário do que tem sido divulgado nos últimos dias, por entidades oficiais, o problema da toxicodependência em Portugal nunca foi tão grave: entre 2001, data em que foi implementada a lei de descriminalização, e 2007, o consumo continuado de estupefacientes registou, em termos absolutos, uma subida de 66 por cento.
Nesse período, houve um aumento de 215 por cento no consumo de cocaína, 85 por cento de ecstasy, 57,5 por cento de heroína e 37 por cento de cannabis. Os dados são de um relatório do Instituto de Droga e Toxicodependência (IDT), publicado em Novembro de 2008.
Desde a descriminalização, houve um aumento de 50 por cento no consumo de drogas, nos jovens com idades compreendidas entre os 20 e 24 anos. Por outro lado, o número de pessoas que experimentaram drogas ilícitas, pelo menos uma vez, subiu de 7,8 por cento, em 2001, para 12 por cento, em 2007 (IDT – Relatório de Atividades de Novembro de 2008).
As mais elevadas taxas de mortalidade causadas por VIH/sida, entre os consumidores de droga, foram comunicadas por Portugal, seguindo-se a Estónia, Espanha, Letónia e Itália.
O relatório refere também o número de óbitos com testes positivos de drogas (314), no Instituto Português de Medicina Legal, em 2007, cujo registo acusou um aumento de 45 por cento. Isto representa os números mais elevados desde 2001, acentuando o crescimento da tendência da droga desde 2005. (IDT - Relatório de Actividades de Novembro de 2008).
Em Portugal, desde a descriminalização, o número de homicídios relacionados com drogas aumentou 40 por cento. Foi o único país europeu com um aumento significativo de homicídios relacionados com drogas, entre 2001 e 2006 (Nações Unidas - WDR - Junho de 2009).
“É extremamente preocupante que, com o objetivo de legalizar as drogas, se faça a apologia de um modelo que já provou estar a ser mais prejudicial que benéfico. Estamos a falar de desinformação pura”, explica Manuel Pinto Coelho, Presidente da Associação Para um Portugal Livre de Drogas (APLD).
A Associação Para um Portugal Livre de Drogas (APLD) foi criada em Junho de 2004 com o intuito de promover a ideia de que o combate à toxicodependência deve privilegiar a prevenção e o tratamento e que as drogas de substituição devem ser utilizadas, apenas, nos casos em que têm indicação.
Discutir abertamente modelos de acompanhamento e tratamento de toxicodependentes e incentivar a cooperação internacional com países na Europa e fora dela que adoptaram o modelo que visa sociedades livres de drogas são outros dos objectivos da APLD.
30 de junho de 2011
@SAPO
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