Citando o índice de envelhecimento, que se situava em 65,7% em 1990, e em 148,7% em 2016, Isabel Saraiva adiantou que estes números revelam “uma sociedade completamente diferente”, mais envelhecida, uma realidade que tem de ser tida em conta na nova lei de bases.

10 melhores países para gozar a reforma
10 melhores países para gozar a reforma
Ver artigo

A nova lei de bases também “tem que pensar nos cuidadores” informais e em toda a área da prevenção que “tem sido relativamente esquecida”, defendeu Isabel Saraiva, na conferência “A revisão da Lei de Bases de Saúde”, na Convenção Nacional da Saúde, que começou hoje na Culturgest, em Lisboa.

Também vai ter que contemplar recursos humanos e “vai ter que perceber que as mulheres ocupam um espaço que há 40 anos não existia”, disse Isabel Saraiva, também vice-presidente da associação Respira.

Defendeu igualmente um financiamento plurianual para a saúde, que contemple áreas como a formação e a compra de equipamentos, e destacou a importância da investigação, que “é o motor fundamental do desenvolvimento”.

Para Isabel Saraiva, a nova lei também tem que ter em conta as alterações ambientais, bem como a proteção de dados.

“Todos estes novos movimento, eventos, que, ao longo de 40 anos, tomaram forma”, vão ter que ser considerados na nova lei de bases em benefício da população e da prevenção da doença, sublinhou Isabel Saraiva.

Presente na conferência, Clara Carneiro, farmacêutica, defendeu que tem de ser “dado relevo ao acompanhamento da doença crónica, um apoio ao envelhecimento ativo e uma referência à saúde mental”.

10 alimentos que lhe devolvem anos de vida
10 alimentos que lhe devolvem anos de vida
Ver artigo

Nos últimos quatro anos, o consumo de medicamentos para a saúde mental subiu 112%, elucidou.

Aludindo à nova Lei de Bases, Clara Carneiro disse que a atual lei, que tem quase 30 anos, ainda não está cumprida, porque “o sistema de saúde ainda não tem uma abrangência universal e ainda há desigualdades profundas no acesso à saúde”.

O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Fernando Regateiro, defendeu, por seu turno, que existem “grandes problemas” que precisam de ser resolvidos com “grandes soluções”.

Para Fernando Regateiro, a lei de bases deve valorizar o acesso à informação e fazer uma clara separação do que é informação, conhecimento e educação.

Fernando Regateiro defendeu que se deve “chamar o cidadão a gerir bem a sua saúde”, mas para isso tem de estar bem esclarecido.

Defendeu ainda que tem de haver respostas de proximidade para evitar que muitos doentes recorram ao hospital e que alguns tenham de ficar internados após alta por falta de respostas.

É preciso “atuar em rede” e “adotar um perfil de integração de cuidados” e não andar a competir uns com os outros, sublinhou Fernando Regateiro.

Cerca de 90 instituições da saúde participam na Convenção Nacional, com o objetivo de ajudar a criar um pacto para a saúde, que terá, no centro do debate, mais financiamento para o setor.

A convenção foi criada com o objetivo de ser “o maior debate nacional de sempre sobre o presente e o futuro da saúde em Portugal.