Esta é uma das principais conclusões divulgada hoje durante a apresentação do relatório “As Alterações Climáticas nos Pirenéus: Impacto, Vulnerabilidades e Adaptação”, feito por mais de cem cientistas de Espanha, França e Andorra, para o Observatório Pirenaico das Alterações Climáticas (OPCC).

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O panorama é preocupante, considerando que a subida média da temperatura na cordilheira foi de 1,2 graus de nos últimos 50 anos. A média mundial foi de 0,85 graus, pelo que o aquecimento dos Pirenéus foi 41% superior.

O coordenador do estudo, Juan Terrádez, destacou na ocasião que metade dos glaciares dos Pirenéus já desapareceu.

De resto, salientou, a “escassez e variabilidade” da disponibilidade hídrica como um dos problemas socioeconómicos mais importantes derivados das alterações climáticas nos Pirenéus, uma vez que diminui a água disponível para a geração de energia hidroelétrica e a produção agrícola.

Outros riscos

Acresce que a maior instabilidade climática provoca um aumento dos riscos, como deslizes de terras, inundações e incêndios florestais, bem como episódios de seca e chuvas torrenciais cada vez mais intensos. Juan Terrádez também explicou que uma das consequências mais relevantes para a fauna e flora regionais é “a falta de sincronia” entre espécies que dependem umas das outras, como os insetos polinizadores e as plantas.

A coordenadora do Observatório, Idoia Arauzo, classificou como “grave” a situação atual nos Pirenéus e reclamou uma “atuação urgente” e a “incorporação das alterações climáticas nas políticas”, porque “estão a ocorrer a uma velocidade muito rápida”.

Os Pirenéus têm “febre”, o que “é um sintoma de que se está a passar alguma coisa”, apontou Idoia Arauzo, que também enumerou os dez desafios das alterações climáticas nos Pirenéus deduzidos do relatório, entre os quais preparar a população para as alterações climáticas, reforçar a segurança perante os riscos naturais e acompanhar a população nos períodos de seca. 

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Vários desafios

A lista dos desafios é completada com a garantia da qualidade da água, manutenção da atratividade turística dos Pirenéus, resposta às mudanças na produtividade e qualidade da produção agrícola, previsão das transformações irreversíveis na paisagem e a possível perda de biodiversidade, adaptação aos desequilíbrios entre oferta e procura energética e enfrentar a propagação de pragas.

A coordenadora do OPCC insistiu na “redução das emissões poluentes” e “adaptação” como formas de enfrentar o problema, e recordou que as alterações climáticas são “mais um fator de pressão” sobre o território, como pode ser a perda de população ou a falta de substituição de gerações na agricultura.

A apresentação do relatório realizou-se um dia antes da reunião da Comunidade de Trabalho dos Pirenéus, que vai decorrer em Saragoça e que integra as comunidades autónomas de Espanha e os departamentos de França unidos pela cordilheira, bem como Andorra.