
A doença tem contaminado centenas de são-tomenses, uma situação agravada pela falta de medicamentos adequados para lidar com os sintomas, úlceras violentas na pele, com a morte progressiva dos tecidos.
“Estamos muito próximos de poder ter informação sobre a possibilidade dos agentes desenvolvidos serem bactérias sensíveis a um conjunto de antibióticos que estão disponíveis no país”, disse o médico português Kamal Mancinho em declaração a jornalistas. “Os trabalhos têm como objetivo, neste momento, tentar estabelecer a relação entre as bactérias isoladas e a causa da infeção”, acrescentou.
Segundo o médico português, o mais importante, do ponto de vista da cura, é que “já se sabe que tipo de toxinas as bactérias produzem e quais os antibióticos usar para combate-las”.
Os serviços de saúde já isolaram algumas bactérias suspeitas mas, segundo Kamal Mancinho, o tipo de toxinas é comum e pode ser combatido de modo adequada. “Não precisamos de ter este detalhe de informação para melhorar a efetividade do tratamento porque em qualquer destes agentes bacterianos nós sabemos que tipo de toxinas produzem, sabemos que tipo de antibióticos são eficazes para o seu tratamento”, explicou. “Estas bactérias são sensíveis a medicamentos banais como a penicilina”, sublinhou.
Kamal Mancunho, um dos primeiros médicos que se deslocou a São Tomé a pedido das autoridades para ajudar na descoberta da origem e cura da doença destaca que a combinação de alguns medicamentos devidamente ministrados pode travar a progressão da enfermidade. “Há de facto um dos antibióticos que, para além de ter uma atividade antibacteriana, tem também uma atividade antitoxina e, portanto, a combinação de dois medicamentos se ministrados precocemente e atempadamente nos doentes, em conjunto com os cuidados locais das feridas que aparentemente continuam a ser banais, será suficiente para evitar a progressão da doença”, explicou.
Apesar de ser fácil curar a celulite necrotizante, Kamal Mancinho diz que existem riscos de lesões físicas irreversíveis se a doença atingir joelhos ou cotovelos. “Naturalmente que há um grupo de doentes que já tem úlceras muito extensas e cuja cicatrização não depende exclusivamente dos antibióticos que estão disponíveis mas dependem de intervenções cirúrgicas das mais complexas com enxertos e que exigirão um tempo mais prolongado”, salientou o médico. “Nós temos várias fases de doença e quanto mais precocemente as pessoas com essas feridas forem tratadas, menor é o risco de evolução dessas formas dramáticas que temos visto nos hospitais”, acrescentou.
A diretora dos cuidados de saúde são-tomense, Maria Tomé Palmer, reafirmou por seu turno que o número de pessoas infetadas continua a diminuir.
Desde agosto do ano passado que existem dezenas de casos de celulite necrotizante nos hospitais do país e, desde então, apenas sete pessoas “foram totalmente curadas”.
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