O desenvolvimento desta vacina potencial, segura para o homem, está a avançar o suficiente para que seja testada em 2.600 mulheres na África Meridional.

"Estes resultados representam uma etapa importante" para a criação de uma vacina, ressaltou o diretor do estudo, o virologista Dan Barouch, num comunicado na revista médica The Lancet.

No entanto, advertiu que não há nenhuma garantia de que os próximos testes sejam positivos. "Devemos ser prudentes", declarou à Agência France-Presse (AFP).

Dois terços dos macacos-rhesus que foram submetidos ao tratamento ficaram protegidos pela vacina nos testes de laboratório.

Os resultados dos testes mais amplos são esperados para 2021 ou 2022.

Trata-se do "quinto conceito de vacina" contra o VIH testado em 35 anos, segundo Barouch.

Outra, chamada RV144, demonstrou que protegia o homem do HIV até certo ponto. Em 2009, um estudo referiu ter reduzido em 31,2% o risco de infecção de 16.000 voluntários na Tailândia.

O estudo publicado no sábado foi realizado com 393 adultos em bom estado de saúde, soronegativos, de entre 18 e 50 anos na África Oriental, África Meridional, Tailândia e Estados Unidos. Alguns deles receberam um placebo.

Os testes mostraram a inocuidade do combinado vacinal, que incluía diferentes tipos de vírus VIH, com apenas cinco participantes com efeitos indesejados como diarreia ou tonturas.

Estas mesmas vacinas protegeram dois terços dos 72 macacos que os investigadores trataram após inocular o vírus.

Alguns especialistas consultados pela AFP elogiaram este avanço.

"Necessitamos tanto de uma vacina", disse François Venter da universidade de Witwatersrand (África do Sul). Mas "já conhecemos isto: vacinas experimentais promissoras que não se concretizam".

"Provavelmente não é a vacina definitiva, mas pode ser um avanço fenomenal", disse o francês Jean-Daniel Lelièvre, do Instituto de Pesquisa de Vacinas. "No melhor dos casos" estas pesquisas produzirão uma vacina administrável dentro de "quase 10 anos".

Cerca de 37 milhões de pessoas vivem com o VIH ou a SIDA, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e 1,8 milhão de pessoas contraem-na todos os anos. A doença matou cerca de 35 milhões dos 80 milhões que infetou desde que foi diagnosticada pela primeira vez, nos anos 1980.

Apesar dos avanços da medicina na prevenção e tratamento da doença, os investigadores insistem nas medidas que devem ser tomadas para evitar a infeção: proteção durante as relações sexuais, uso de seringas novas, esterilização do material médico, etc.