10 de julho de 2014 - 15h20
A diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo disse hoje que "a falta de cerca de 20 médicos" é o grande problema dos cuidados de saúde primários na região.
"Temos cerca de 40.000 utentes sem médico de família, num universo de 235 mil utentes, que representam 17% do total de utentes inscritos, sendo que esta situação só se resolve definitivamente com a vinda de mais médicos especialistas em medicina geral e familiar para os locais carenciados", disse Sofia Theriaga à agência Lusa.
O ACES do Médio Tejo abrange 11 municípios, com o problema da falta de médicos a fazer-se sentir, "em especial", nos concelhos de Abrantes, Sardoal, Torres Novas e Ourém.
Para "minimizar" a situação, a diretora executiva daquele ACES afirmou "ter vindo a recorrer à contratação da prestação de serviços médicos à hora", solução que considerou não ser a ideal, mas a possível no imediato".
Sofia Theriaga perspetivou que, na região do Médio Tejo, "o problema da falta de médicos não se vai resolver a curto prazo".
A responsável pelo ACES criticou, por outro lado, algumas propostas apresentadas pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), que alega estar baseadas na apreciação de que a região tem "uma boa oferta hospitalar e uma muito má oferta dos cuidados primários de saúde".
"Referir que o Médio Tejo dispõe de uma má oferta de cuidados primários de saúde é uma apreciação ligeira e incorreta, representa um contributo muito negativo na motivação das equipas e, em especial, para o esforço de captação de profissionais para os centros de saúde", defendeu.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), que tem manifestado preocupação com a qualidade da oferta ao nível dos cuidados de saúde, aprovou no sábado, por unanimidade, a criação de uma Carta de Saúde Regional.
A presidente da CIMT, Maria do Céu Albuquerque, defendeu, em declarações à Lusa, a realização de estudos sobre as mais-valias da criação de uma Unidade Local de Saúde (ULS) no Médio Tejo, naquela que seria "uma única entidade pública empresarial dos hospitais e dos centros de saúde existentes na região".
A diretora executiva do ACES afirmou que o modelo de organização proposto pela CIMT "não apresenta vantagens comprovadas para os utentes".
Para Sofia Theriaga, "dizer e escrever o contrário, sem demonstração de evidência de que um modelo é absolutamente melhor do que outro, é traduzir convicções sem suporte de demonstração e é um exercício estéril e que em nada contribui para resolver o problema" da falta de médicos de família no Médio Tejo.
"Mudar por mudar, só para dizer que se muda, não vale a pena", notou.
O ACES do Médio Tejo é constituído pelos concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
Por Lusa