A semana começou com uma notícia que provocou a consternação e surpresa de muitos: Marco Paulo luta contra um cancro da mama. O artista foi operado ao tumor em dezembro do ano passado, quando fez 75 anos. Foi sujeito a uma mastectomia. O músico já tinha vencido um cancro no colón há 20 anos. Mas os homens podem ter cancro de mama? Marco Paulo também achava que não.

Menos de 1% de todos os cancros da mama surgem no homem e o risco de se ser diagnosticado ao longo da vida é de 1 em cada 1000.

Sinais e sintomas

Estes são alguns dos sinais e sintomas da neoplasia maligna da mama masculina:

- nódulo ou espessamento da região mamária

- vermelhidão, descamação ou aparecimento de retrações na superfície

- alterações no mamilo tais como descamação, vermelhidão, invaginação

- secreção mamilar

A pergunta que se coloca instantaneamente é: mas se os homens não têm mamas, como é que podem ter cancro da mama? Todos nós nascemos com uma pequena quantidade de tecido mamário que consiste em glândulas secretoras de leite, uma série de canais ou ductos que transportam o leite para o mamilo e, por fim, gordura.

Durante a puberdade as alterações hormonais características da jovem adolescente (sexo feminino) estimulam o crescimento do tecido mamário e esse crescimento culmina com o desenvolvimento pleno da mama feminina.

No sexo masculino, esse estimulo hormonal para o crescimento da glândula mamária normalmente não ocorre. Desta forma, a mama masculina dita normal é formada de tecido gorduroso e uma incipiente glândula mamária.

A exceção

A ginecomastia é uma exceção a esta situação e corresponde ao aumento benigno, temporário ou permanente, da mama masculina como resultado do crescimento do tecido mamário.

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Está presente numa importante percentagem (35%) da população masculina, sendo os picos de aumento mamário na adolescência (64%) e nos idosos (40 a 60%). A ginecomastia não tem qualquer relação com o cancro da mama nem com o seu desenvolvimento.

Estar atento aos primeiros sinais

Voltando ao cancro da mama masculina, sabe-se que quanto mais cedo for o diagnóstico, isto é, ocorrendo numa fase inicial da doença, a possibilidade de cura é maior. O cancro da mama no homem é uma entidade rara.

Contudo, não é incomum o homem adiar a visita ao médico quando um sintoma mamário surge (palpação de um nódulo) ou quando alguma alteração na região mamária se torna evidente. Por esta razão, muitos cancros da mama masculina continuam a ser diagnosticados em fases mais avançadas.

Os fatores de risco conhecidos, que podem promover o aparecimento deste tipo de neoplasia maligna no homem, são a exposição à radiação, doenças que condicionem o aumento dos níveis de estrógenios (hormonas femininas) em circulação e a tendência familiar para este tipo de patologia (aumento do risco em homens que têm um número importante de familiares do sexo feminino com neoplasia da mama).

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Outra situação são as famílias com mutações no gene BRCA. Nestes casos, o risco de cancro da mama no homem também é aumentado.

Tipos de cancro da mama masculina

- cancro que se inicia nos ductos mamários (carcinoma ductal) – quase todos os cancros da mama no homem são deste tipo;

- cancro que se iniciar nas glândulas produtoras de leite (lobular) – este tipo é raro no homem, uma vez que têm poucas glândulas no seu tecido mamário.

- doença de PAGET do mamilo – raramente, o cancro da mama no homem, pode formar-se nos canais que transportam o leite e disseminar-se até ao mamilo, manifestando com formação de crostas e descamação em redor do mamilo.

Diagnóstico e tratamento

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Depois do diagnóstico o doente tem de realizar uma bateria de exames complementares para assim preparar o tratamento. Tal como no cancro da mama feminino, a abordagem terapêutica será condicionada pelas características do tumor, pelo estado de saúde do doente e as suas preferências.

Regra geral a abordagem é cirúrgica e pode ser complementada com outras modalidades tais como quimioterapia, radioterapia ou terapêutica hormonal. Se não for tratado, o cancro da mama masculina pode matar.

As explicações são da médica Ana Silva Guerra, especialista em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva.

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