Onze crianças com autismo, de uma escola de Leça da Palmeira, estão sem terapias desde setembro, alegadamente devido a “divergências financeiras” entre Direção Regional de Educação do Norte e Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo.
“O corte da Direção Regional de Educação do Norte (DREN) entristece-me. Acho este caso escandaloso. Deram prioridade às atividades extracurriculares, como as artes plásticas, inglês, música e educação física, mas descuraram as terapias para as crianças autistas numa Unidade de Ensino Estruturado para alunos com Perturbação do Espectro do Autismo”, declarou à Lusa Margarida Graça, mãe de uma menina de oito anos com autismo.
Margarida Graça lembra que as crianças com autismo praticamente “não falam” e “precisam ter terapia da fala e de ser ajudadas a atenuar os estereótipos”.
A Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) apoiou, durante um período de dois anos letivos, crianças e jovens com perturbações do espetro do autismo na Escola Básica da Viscondessa, em Santa Cruz do Bispo (Leça da Palmeira).
O trabalho desenvolvido foi “benéfico para ambas as partes” [alunos e associação], mas “divergências financeiras entre a APPDA e a DREN, levaram ao cancelamento das terapias da fala e ocupacional este ano letivo”, confirmou à Lusa a direção da APPDA, acrescentando que o valor atribuído para o ano 2011/2012 era “incomportável para o bom funcionamento do projeto”.
O diretor do agrupamento de escolas básicas de Leça da Palmeira, Jorge Sequeira, contou à Agência Lusa, por seu turno, que a anulação das terapias na Escola Básica da Viscondessa deve-se ao facto da APPDA ter “rescindido o contrato que tinha com a DREN no final de setembro, princípio de outubro”.
Jorge Sequeira assegurou, todavia, que há esforços em curso para recolocar terapeutas naquela instituição escolar.
“Neste momento, estão a decorrer as diligências necessárias por parte da DREN para se proceder à colocação dos terapeutas”, acrescentou.
A Associação de Amigos do Autismo (AMA) informou também que os estudantes com autismo das Unidades de Ensino Estruturado do distrito de Viana do Castelo e Braga, designadamente em Barcelos e Esposende, não estão a ter o apoio de psicologia, terapia da fala e terapia ocupacional desde o início do ano letivo.
“Este apoio deveria estar a ser dado pelos Centros de Recurso para a Inclusão (CRI), mas até à data este [apoio] ainda não iniciou”, lê-se num comunicado enviado hoje pela AMA à comunicação social.
04 de novembro de 2011
@Lusa
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