O PSD quer que sejam feitas audições parlamentares sobre a sustentabilidade e a qualidade do serviço de abastecimento de água, que, segundo o partido, não chega a casa de 630 mil portugueses.

Num requerimento que vai ser debatido hoje na Comissão Parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, o Partido Social Democrata (PSD) refere que o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais 2007-2013 (PEAASAR II), que está em vigor em Portugal, fixou metas para o setor, mas que “ainda não foram cumpridas”.

“Os atuais níveis de atendimento implicam que pelo menos 630 mil portugueses não tenham acesso ao abastecimento de água, dois milhões e 100 mil não tenham acesso à drenagem de águas residuais e mais de três milhões e 100 mil não tem as águas residuais tratadas”, aponta.

O PSD sublinha que o PEAASAR II identificou a necessidade de serem investidos "pelo menos 3.800 milhões de euros" nos sistemas de abastecimento e saneamento “para que sejam cumpridas as metas de atendimento”.

Os deputados sociais-democratas criticam também a “disparidade entre as tarifas de água e saneamento pagas pelas populações em diferentes partes do país" e chamam a atenção que “há quem pague cinco e seis vezes mais do que outros que pagam menos ou nem sequer pagam por esses serviços”.

As perdas de água nos sistemas é outro dos assuntos que preocupa o PSD, que considera que Portugal continua a apresentar “valores inadmissivelmente elevados”, quando comparados com outros países europeus.

“Muitos países europeus andam abaixo dos 15 por cento e Portugal apresenta valores acima dos 32 por cento e em algumas regiões chega a ultrapassar os 50 por cento. Esta ineficiência aumenta os custos a suportar pelos consumidores, desperdiça recursos naturais e aumenta as necessidades de investimento”, sustentam.

O PSD quer ainda questionar a sustentabilidade financeira do sistema de abastecimento de água, nomeadamente a capacidade das empresas responsáveis por este serviço.

“Têm-se repetido as notícias de que empresas e entidades gestoras de sistemas de abastecimento e saneamento por todo o país que, por si ou por outros, se afirmam como estando à beira do colapso financeiro. Tal situação financeira dramática faz recear a sobrevivência de muitos dos sistemas e dos respetivos serviços”, refere ainda o PSD.

23 de agosto de 2011

Fonte: Lusa