Todos investigamos em todos os contextos. Se faço algo de forma diferente porque acho que vou otimizar o resultado, embora empiricamente, estou a investigar.
Quando falamos em investigação científica, falamos na utilização de determinados métodos que são aceites pela comunidade científica como válidos para responder a uma questão.
Existem vários desenhos ou tipos de estudos científicos, em investigação clínica, aquele que nos dá a garantia de dizer que uma determinada intervenção é responsável por um determinado resultado são os estudos experimentais.
Os estudos experimentais pressupõem o controlo direto da intervenção e a atribuição aleatória da intervenção, ou seja o investigador consegue controlar o modo como a intervenção é realizada e a atribuição aleatória da intervenção permite prevenir efeitos de confundimento, que é o mesmo que dizer que os diferentes grupos de pessoas que participam no estudo têm características comparáveis, “controlando” as variáveis relativas aos participantes. Isto pressupõe a existência de pelo menos dois grupos, em que os participantes têm atribuição aleatória da intervenção, também conhecido por aleatorização.
Claro que nem tudo pode ser estudado no contexto de estudos experimentais, não podemos, por exemplo, expor propositadamente uma pessoa à COVID-19 para saber o impacto que essa doença tem na sua reabilitação. Outros estudos existem em que poderemos chegar perto da assunção de causalidade, por via de análise estatística e gestão cuidadosa de fatores de confundimento, falo por exemplo de estudos observacionais ou quase experimentais. Contudo, poderemos atribuir causalidade sem pelo menos comparar? Se realizo uma determinada intervenção num grupo de pessoas e elas melhoram, posso assumir que essa melhoria é devida à intervenção? Poderá essa melhoria ser devido ao acaso? Teriam melhorado mesmo sem a intervenção? Estavam expostos a outra intervenção concomitante e não estou a ter isso em conta? A resposta a estas questões é relevante se queremos dizer que algo melhorou devido à nossa intervenção.
Também é verdade que não consigo melhorar nada se não conhecer o problema, e preciso de explorar um determinado fenómeno para depois o poder trabalhar. Como percebemos, existem vários tipos de estudos em investigação científica, cada um deles com diferente grau de evidência.
Se existem áreas do conhecimento de Enfermagem, em particular a Enfermagem de Reabilitação em que é necessário ainda explorar o problema, existem outras em que existe conhecimento robusto o suficiente para desenvolver estudos com elevado grau de evidência como são os estudos experimentais. Existem alguns exemplos em que têm sido desenvolvidos estudos experimentais robustos que permitem concluir a efetividade das intervenções realizadas pelos enfermeiros de reabilitação nos diferentes resultados pretendidos.
Esta mudança de paradigma da investigação em Enfermagem é necessária para continuar o desenvolvimento sustentado da profissão e criar evidência robusta em Enfermagem de Reabilitação para fazer face aos desafios do futuro. Não tenhamos medo de evoluir.
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