Entramos na igreja e deparamo-nos com um lugar elegante que cruza contemporaneidade com história. Os tetos altos e abobadados chamam a nossa atenção e, de seguida, as janelas altas.
Observamos o espaço ao nosso redor e percebemos que este oferece vários ambientes que se adaptam a diferentes ocasiões. Na área onde se encontram os sofás de veludo, conseguimos ter uma refeição mais intimista e requintada, enquanto que os lugares junto ao balcão – onde podemos petiscar ostras de várias zonas do país acompanhadas por champanhe –, antecipam momentos de maior descontração.
As plantas distribuídas pelo espaço não só dão mais vida ao Santa Joana como também um toque de irreverência e até selvático, contribuindo ainda para separar os ambientes de forma mais orgânica, ao mesmo tempo que proporcionam mais privacidade aos clientes.
Os tons terra seguem as tendências atuais e os elementos resgatados do século XVII expostos pelo espaço recordam que se trata de um lugar com história – e não é ao acaso: foi essa a intenção de Lázaro Rosa-Violán, o designer de interiores responsável pelo projeto. Rosa-Violán, que também trabalhou os espaços do JNcQUOI, procurou conciliar, no Santa Joana, o passado, presente e futuro.
As paredes do Santa Joana encontram-se decoradas com obras exclusivas, criadas propositadamente para o mesmo. Aqui, existem duas tapeçarias que unem elementos recentes e antigos do espaço, da artista Carolina Vaz, e peças inspiradas na história do edifício, do estúdio Grauº Cerâmica. Neste restaurante, encontram-se igualmente artigos de Tatiana Ferreira, que tiveram como ponto de partida as descobertas arqueológicas e outros do estúdio Pareidólia, que tanto se inspirou na história como na atualidade.
A loiça utilizada é vintage e adquirida no EMAUS. Para além de homenagear a herança do restaurante, representa um passo sustentável e que pode inspirar quem visita a reaproveitar produtos, objetos antigos que, por vezes, carregam histórias seculares. Afinal, se bem conjugados com o ambiente, podem transmitir maior autenticidade e exclusividade.
As saborosas tentações do Santa Joana
A viver há décadas em Londres, capital de Inglaterra, o chef Nuno Mendes encontrou no Santa Joana "a oportunidade de regressar a Lisboa".
"Para mim, o luxo de trabalhar em Lisboa é o produto", referiu em comunicado. "Há uns anos, havia pouca conversa sobre a linguagem gastronómica portuguesa nos menus", explica. "Mudou muito. Lisboa agora celebra muito mais o produto e os sabores portugueses", completa.
Assim, e para retribuir a "oportunidade", Nuno Mendes criou um menu que celebra a gastronomia nacional e honra as raízes globais de Portugal, incluindo alguns dos melhores ingredientes do território, provenientes de uma ampla rede de produtores locais e regionais, tais como Wisdom Valley, Nutrifresco e Carnes do Campo.
E, nesta viagem gastronómica ao comando de Nuno, as linhas orientadoras são claras no menu que se apresenta dividido por oito grupos: Acepipes, Ostras, Do nosso Raw Bar, Couvert, Entradas, Principais, Principais para partilhar e Acompanhamentos.
Para além desta carta, existe ainda a ementa das bebidas, onde existem diferentes sugestões de cocktails que se inspiram nas estações do ano e aromas portugueses. A carta de vinhos é igualmente interessante em virtude de dar prioridade a pequenos produtores regionais especialmente da área de Lisboa, Setúbal e região do Tejo.
Com todas as cartas em cima de mesa, é hora de começar a pensar por onde começar. Queremos um cocktail? Avançamos logo para as entradas ou começamos por umas ostras ou acepipes?
Começamos por experimentar um cocktail de autor. Entre as propostas sugere-se o Pimento Vermelho & Tomate com bebida de agave, ginjinha, pimento vermelho, tomate seco e citrinos ou o Alperce & Oolong, com whisky, alperce, oolong, feno-grego e ponche de aveia.
Depois provamos um dos acepipes, o Biquíni de farinheira, tártaro de camarão da costa e algas (11€). Do Raw Bar, experimentamos o Tártaro de vaca maturada, nabos marinados e pinhões (18€). Não referimos, mas não saltamos o couvert composto por deliciosos pães e manteiga.
Com isto, já nos sentimos satisfeitos, porém, as sugestões de pratos principais são tentadoras e arriscamos num dos principais para dividir: o Robalo grelhado, berbigão do Algarve e algas com molho Bulhão Pato (54€).
Entre os acepipes, ficaram por provar os Corações de Galinha Grelhados com Molho Pica-pau (7€). No Raw Bar, o Barriga de atum maturada, caldo do refogado com azeite maduro (19€) e o Trio dos Açores, vinho do Porto, cogumelos frescos e confit de limão (16€), entre outras sugestões.
Para além do Robalo para partilhar, a ementa sugere para este efeito o Arroz de marisco caldoso, caranguejo e lavagante nacional (54€).
Entre os pratos principais individuais, destaca-se a Presa de Porco Alentejano com Pasta de Nozes Estufadas, Nabos e Grelos Marinados e Assados (32€) e o Pregado na chapa, emulsão de algas frescas e batata esmagada (27€). Para os vegetarianos, existe Couve-flor assada, cebolada doce, azeitonas pretas e batatas brás (17€).
Como acompanhamentos pode escolher entre Esparregado à antiga, béchamel de mostarda e brandy (6€), Batatas novas caramelizadas, manteiga de cebolinho, cebolas tenras fritas (6€) e Feijão-verde, vinagrete de feijão branco fermentado (6€).
As sobremesas variam e vão de Papos de Anjo (9€), um pão de ló embedido, com sabayon de laranja e erva doce tostada (9€), a Chocolate, uma mousse de chocolate preto com gelado de leite e chantilly (10€).
Para além destes, existe o Arroz doce (9€) e Pão de ló matcha para partilhar (16€), entre outras.
A noite que bebemos whisky no convento
Terminada a refeição, não precisamos de fugir do convento. Pelos corredores do seu interior, podemos fazer novas paragens e descobrir alguns dos bares do hotel. Entre as sugestões, existe o Spiritland que oferece uma experiência sonora de qualidade devido à aposta no equipamento e à programação, e o Kissaten, que conta com a maior coleção de whiskies de Portugal e discos de vinil.
Optamos pelo Kissaten onde podemos escolher os discos para ouvir enquanto tomamos o nosso copo.
"Há pessoas que entram neste bar e não têm qualquer conhecimento sobre whisky, nunca provaram e saem daqui com uma ideia completamente diferente", comenta com o SAPO Lifestyle Rodrigo, representante do bar. E não podia sair de outra maneira, afinal, o Kissaten conta com mais de 100 referências de whisky.
Conforme nos explica Rodrigo, no Kissaten, as bebidas encontram-se divididas por perfis de sabor. "São como os vinhos", refere, acrescentando que no bar têm quatro: os light, os frutados, os rich e os smokies.
E quando não se gosta de whisky?
"Temos várias variedades, cada um com o seu tipo de cereal, envelhecimento e idade", indica o representante do bar. "Para quem não gosta muito, normalmente, vamos para os mais light, que são mais fáceis. Temos de avaliar como o vinho".
Tal como o vinho, há que conhecer as preferências de quem vai provar, se gosta de whiskies mais frutados, com mais estrutura ou com mais tanino, por exemplo. "Muitas pessoas assumem à partida que é uma bebida super forte, mas não, estão completamente enganados. Em todas as bebidas existe muito para se descobrir", comenta Rodrigo.
Os cocktails são outra das apostas do bar e são uma ótima solução para quem ainda não se sente preparado a aventurar-se pelo universo desta bebida alcoólica destilada de cereais que, muitas vezes, inclui o malte, e que é envelhecida em barris. "Dá para fazer cocktails com todos os whiskies que temos na carta", garante o barman. Entre as sugestões, destaca-se o Plum Highball, que é preparado com o Nikka from the Barrel.
O Kissaten funciona apenas de segunda a sexta-feira, entre as 19h e a 1h da manhã.
À disposição dos clientes, existe um dossier que lista os vinis disponíveis no bar. As melhores horas para escolher o seu e escutá-lo é entre as 19 e as 21 horas. A partir das 21 horas, dependerá da lotação.
Tal como com as referências de whisky, que esperam chegar às 120, a lista de vinis vai igualmente crescendo. "Começámos com uma prateleira e agora já temos duas".
Quanto às opções musicais, existem de vários estilos, do pop ao rock, passando pelo reggae e jazz, como de diferentes tempos.
O SAPO Lifestyle visitou o Santa Joana a convite do restaurante
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