Marca centenária na produção de aguardentes a Carvalho, Ribeiro & Ferreira também conhecida por CR&F, reuniu alguns dos seus ex-funcionários “históricos” que testemunharam segredos ligados aos rituais à mesa daquela bebida com tradições entre nós.

Questões como os momentos de consumo, os cálices ideais para servir a aguardente, harmonização com as refeições, estão entre os itens deixados por Mário Louro, antigo Diretor-geral da CR&F, José Ribeiro de Carvalho, ex-Diretor-comercial na CR&F e António Pereira da Silva, filho de um dos sócios da família Carvalho Ribeiro & Ferreira.

“Sendo uma marca que acaba de completar os seus 125 anos de existência e que por isso atravessou inúmeros períodos da história do nosso país”, explica João Portugal Ramos, produtor e enólogo no grupo João Portugal Ramos, “os colaboradores da CR&F, presentes e passados, foram naturalmente levados a descobrir, não só através do saber técnico, mas também do saber popular passado de geração em geração, as melhores formas e os melhores momentos de consumo de aguardentes”

Aquecer ou não aquecer o cálice?

Aquecer o cálice faz com que se evaporem aquelas que são as melhores características de uma boa aguardente. Ainda assim, pretendendo-se aumentar ligeiramente a temperatura da aguardente, basta aquecer um pouco o cálice com a própria mão, pois a temperatura corporal é suficiente.

Onde servir uma aguardente?

O cálice-balão, com fundo largo e que estreita em cima, é a escolha mais tradicional para servir uma aguardente.

O copo formato tulipa permite concentrar os aromas das aguardentes mais velhas, para que possam ser libertos e saboreados de forma mais gradual.

CR&F
créditos: CR&F

Momentos de consumo

O momento mais tradicional de consumo consiste no pós-refeição, enquanto digestivo e complemento de uma boa conversa.

Como os cocktails de aguardente estão a ficar mais na moda, também o seu consumo se está naturalmente a alargar aos mais diversos momentos e ocasiões, dependendo das próprias características dos mesmos.

Falando em cocktails de aguardente…

Os cocktails clássicos para começar, como por exemplo Sidecar, French Connection ou Manhattan. Mas a imaginação com uma boa aguardente portuguesa permite ir mais longe.

Harmonizar aguardentes à mesa de refeição

Existem inúmeras possibilidades de harmonização entre a comida e as aguardentes, de modo a realçar as suas notas e os seus aromas. Tal efeito pode ser alcançado, por exemplo, com carnes vermelhas maturadas ou ostras.

O caso particular das sobremesas

Uma das combinações mais icónicas para o final de uma refeição é a do consumo de aguardente com o mais amargo dos chocolates pretos, incluindo aqueles que contêm notas de nozes, florais ou frutadas. É da natureza do chocolate amargo realçar toda a complexidade da aguardente.

Há quem misture umas gotas de aguardente em certas sobremesas, como em babas-de-camelo ou mousse de chocolate, depois de servidas numa taça às quais se junta amêndoas tostadas.

A melhor dose

30 ml permitem tirar proveito da aguardente

Juntar ou não juntar gelo e água

A água tende a tornar a aguardente demasiado suave e o gelo “mata-a”. Em geral, o ideal é servir a aguardente em estado puro e à temperatura ambiente, i.e., entre os 18 ºC e 20 ºC.