Alfacinha de gema e a mais velha de três irmãs, Carla Soveral, fundadora da marca de carteiras em pele e em tecido Envelope Lisboa, desenvolveu a paixão pela moda observando atentamente a forma como a mãe manejava, todas as noites, depois do jantar, a sua máquina de costura Singer. Daí, ao manejo da tesoura, primeiro nos cabelos das irmãs, depois para fazer fatos de carnaval, foi um passo.
O design têxtil na Escola de Artes Visuais António Arroio, no centro da capital, foi a antecâmara para o curso de design de moda na Faculdade de Arquitetura de Lisboa, que tirou muito a contragosto do pai, que surpreendentemente ambicionava vê-la a envergar a farda da Força Aérea Portuguesa. Hoje, no mundo da moda não há quem não a conheça. Trabalhou durante 19 anos em agências de comunicação.
Colaborou com as revistas FHM, Vidas e Vogue, organizou eventos, trabalhou no guarda-roupa para publicidade e ópera, fez campanhas publicitárias para a Triumph, foi aderecista na ModaLisboa e no Portugal Fashion e trabalhou como florista no espaço Em Nome da Rosa. Acabou, depois, por criar a sua própria agência de comunicação, a Triângulo das Bermudas, onde esteve durante nove anos.
Como surgiu a Envelope Lisboa
Em paralelo com as diferentes actividades que ia tendo, durante 15 anos, Carla Soveral criou e desenvolveu a Poufmamma, uma marca nacional de design e de produção de pufes, a par do projeto O Que É Teu É Meu, de venda de roupa e acessórios em segunda mão, outra das áreas de negócio em que investiu. "Quem disponibilizava as peças, podia fazê-lo de uma forma discreta e anónima", recorda.
"Os clientes tinham a possibilidade de comprar peças de marcas, à partida, inacessíveis", afirma ainda a empreendedora. Em março de 2017, com vontade de abraçar um novo desafio, resolveu concretizar um sonho. Mudou o rumo da sua vida para se dedicar ao projeto de manufatura de carteiras em formato de envelope, feitas em pele e forradas a tecido, que vinha a idealizar há já algum tempo: a Envelope Lisboa.
A parceria com a ceramista Anna Westerlund
Os modelos que produz são inspirados no design de um envelope, um envoltório para cartas, papéis ou documentos que tem vindo a cair em desuso e que Carla Soveral quis transformar em algo intemporal. "Não serve apenas para carregar coisas", como explicou durante um evento de apresentação da marca. As malas que cria, desenvolve e comercializa são manufaturadas com pele nacional e forradas a seda.
Os padrões coloridos que decoram o seu interior "levam horas a selecionar", admite a empresária. No entanto, é intenção de Carla Soveral substituí-los, no futuro, por estampados próprios, criados por si. A Bloom Collection, o nome da primeira colecção que lançou, apresentada nos primeiros meses de 2018, é composta por 60 peças com 10 tons de pele e 10 padrões diferentes que se combinam entre si.
As carteiras, que podem ser adquiridas no site da marca mediante encomenda, estão disponíveis em três tamanhos. As clutches são vendidas a 90 €. As carteiras média e pequena oscilam entre os 41 € e os 62,50 €. "Este projeto reúne tanto a aprendizagem que adquiri ao longo deste percurso como o amor que dei e recebi", garante a empresária, que acaba de lançar um novo modelo em parceria com a ceramista Anna Westerlund.
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