A jovem, natural de Minnesota, não é a única que quer conquistar este nicho, num momento em que esta indústria está em destaque pelo seu impacto no meio ambiente. "Agora (...) todas as pessoas querem fazer algo a este respeito", disse à AFP outra jovem estilista, Olivia Cheng, 23 anos.

A sua marca, Dauphinette, que ficou conhecida pelas suas joias e roupas feitas com flores naturais, foi apresentada pela primeira vez no calendário oficial da Fashion Week este domingo, num restaurante em Chinatown.

Cânhamo, algodão orgânico, tecidos reciclados estão entre os materiais menos nocivos para o meio ambiente utilizados por Emma Gage, comprados a empresas que respeitam os direitos humanos e sociais, cuja lista aparece no seu site.

No entanto, "nunca diria que tudo é 100% sustentável e que tudo é perfeito, porque isso seria mentira", adverte do seu pequeno atelier no bairro de Bushwick, no Brooklyn, um novo centro de artistas de Nova Iorque, a julgar pelos murais que invadem as ruas.

Zero plástico?

"Zero plástico" continua a ser um objetivo, pois os materiais sintéticos podem estar presentes em tecidos reciclados, explica. Estes limites são mais um argumento para fabricar “roupas que duram muito tempo”.

Nada é deitado fora, como mostram as malas feitas com retalhos de tecido. Longe de vestidos de noite volumosos e sofisticados, um dos seus modelos favoritos é uma sweatshirt simples, presente em cada coleção, com bordados de flores, peixes ou cordeiros.

A sobriedade que exibe não a impede de ser criativa e exigente. Na sua segunda coleção, inspirada na "The Autobiography of Red" de Anne Carson, o vermelho predomina, em tons escuros, com muitas riscas que lembram fluxos de lava.

Para a coleção outono-inverno 2022 que apresenta esta terça-feira, quis resgatar as memórias de uma visita a um castelo medieval irlandês e da descoberta da falcoaria, “simbiose entre dois predadores, o homem e a ave”.

Metropolitan Museum of Art (MET)

Olivia Cheng, na sua apresentação de domingo, jogou com códigos masculinos e femininos e optou por roupas vintage e materiais florais, preservados com uma resina que afirma não ser tóxica.

Mas também se aventurou em experiências estranhas, como uma roupa feita com nozes de ginkgo e um vestido com asas de besouro, embora ressalte que os invertebrados "não foram sacrificados para esse fim".

Embora prefiram fornecedores locais, nenhuma das duas estilistas quer romper com algumas formas de artesanato que não existem nos Estados Unidos.

O dilema de uma moda mais acessível também tem o seu preço para quem vende por encomenda. "Preciso que outros comprem o que eu compro para que os preços desçam", diz Emma Gage. Uma t-shirt da sua coleção pode custar 75 dólares.

Já Olivia Cheng quer continuar com as suas joias de frutas e flores, algumas delas custam menos de 50 dólares.

“Para mim, é fundamental ter em mente o objetivo com o qual começamos e como podemos continuar com isso sem cair na armadilha de uma espécie de ilusão de grandeza”, explica esta filha de imigrantes chineses, que já tem dois trajes na exposição "In America: a Lexicon of Fashion", a ser apresentada pelo Museu Metropolitano de Arte (MET) de Nova Iorque.