Todos envelhecemos. O que verdadeiramente incomoda as pessoas não é a idade, mas sim os sinais visíveis de envelhecimento com que diariamente se deparam. As rugas faciais são um dos parâmetros mais visíveis do fenómeno do envelhecimento cutâneo.

O envelhecimento da pele constitui-se num reflexo da idade biológica do indivíduo que, nem sempre, corresponde à idade cronológica. De facto, este processo pode ser acelerado sob a influência do meio ambiente e, por outro lado, retardado por uma vida saudável e alguns cuidados.

É necessário que os profissionais de estética consigam avaliar o estado da pele e o tipo de rugas presentes em cada cliente para definir o cuidado adequado e aconselhar a melhor forma de combater as diferentes causas.

Processo de envelhecimento
Envelhecer é um processo natural, mas que está directamente relacionado com a qualidade de vida à qual o organismo foi submetido. No tecido envelhecido ocorre uma diminuição de colagénio e de elastina, de proteínas e açúcares, em especial do ácido hialurónico, que influenciam o estado da pele e a sua perda de elasticidade.

Nessa fase, a barreira de protecção contra a radiação UV encontra-se também fragilizada, uma vez que há uma diminuição no número de melanócitos activos (células produtoras de melanina).

A diminuição na taxa de renovação celular e a reparação da pele elevam o tempo de cicatrização das feridas que pode chegar a duas ou três vezes mais do que o de uma pessoa jovem.

Assim sendo, a derme envelhecida torna-se um tecido com menor capacidade de resposta ao stress e ao trauma. Estas modificações estruturais resultam em diferentes tipos de rugas.

O processo de envelhecimento da pele pode ser dividido em dois tipos: intrínseco e extrínseco:

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Intrínseco
Envelhecimento cronológico, progressivo com o passar do tempo, que ocorre de forma mais lenta e gradual. É comum aos órgãos e inerente ao próprio organismo.

Extrínseco
Sobreposição dos efeitos do meio ambiente. É provocado por factores exteriores, tais como o sol, o tabaco, o stress, o vento, a água, a poluição, e especialmente a radiação UV, resultando num envelhecimento prematuro, acelerado ou fotoenvelhecimento.

É responsável pela degradação precoce do colagénio e das fibras elásticas da derme e pelo aparecimento de rugas profundas, pele mais espessa, secura, descamação, pigmentação irregular e manchas.

Estes diferentes tipos de envelhecimento dão origem a diferentes tipos de rugas que, por sua vez, requerem diferentes tipos de cuidados, que os profissionais de estética podem combinar, de modo a oferecer aos seus clientes resultados mais globais.

Tipos de rugas

● Rugas de expressão
Estas rugas, que começam a surgir a partir dos 30 anos, resultam, fundamentalmente, da contracção muscular repetida. Trata-se da acentuação permanente dos traços normais da face.

Poderemos encontrar este tipo de rugas no músculo frontal (linhas horizontais da testa); no músculo depressor (linhas glabelares – rugas verticais); no músculo orbicular dos olhos (os chamados pés-de-galinha); no músculo nasal (rugas horizontais) e no músculo orbicular da boca (pregueado dos lábios).

● Rugas fisiológicas
Com a fadiga das estruturas da pele, devido ao envelhecimento fisiológico, surgem então as rugas fisiológicas. Estas são alterações cutâneas, degenerativas com a idade, que têm implicações ao nível da epiderme e da derme.

A nível epidérmico surgem alterações na lâmina basal (união dermoepidérmica), assim como uma diminuição dos melanócitos epidérmicos com a idade (uma perda de 6 a 8% em cada década depois dos 30).

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A nível dérmico, ocorre uma diminuição da capacidade de síntese e expressão dos fibroblastos com a idade, a colagenase aumenta, as fibras de elastina desintegram-se, o conteúdo total de colágenio diminui (cerca de 1% por ano) e os proteoglicanos decrescem.

● Rugas metabólicas
As rugas metabólicas são aquelas que têm origem em transformações e reacções químicas que ocorrem no nosso organismo. A geração de radicais livres constitui uma acção contínua e fisiológica, que visa cumprir funções biológicas essenciais. São formados num cenário de reacções de oxidação e redução, provocando ou resultando dessas reacções.

Os radicais livres interferem directamente na regulação do metabolismo das células e nos processos fisiológicos do ser humano. Embora a produção de radicais livres seja fundamental para as funções celulares normais, em excesso estes podem ser extremamente prejudiciais à saúde.

No caso da ocorrência de stress oxidativo, os radicais livres podem atacar e lesar gravemente o ADN, as proteínas e os lípidos nas estruturas celulares, desencadeando a destruição de células e tecidos e gerando a oxidação de proteínas, a nitração de aminoácidos, a glicação de proteínas e a fosforilação de proteínas, resultando daí o envelhecimento precoce, entre outras complicações.

● Rugas fotoinduzidas
A principal razão para um envelhecimento prematuro da pele é os danos causados pela exposição solar. O fotoenvelhecimento está associado a uma acumulação do dano induzido ao ADN.

As alterações na pele induzidas pelo sol aumentam com o envelhecimento por uma acumulação de mutações nas células da pele devidas a uma redução da capacidade de reparação do ADN. O dano ao ADN acumula-se facilmente de forma gradual com o envelhecimento intrínseco.

No fotoenvelhecimento, uma exposição excessiva aos UV que supere os limites de capacidade de reparação do ADN na pele resulta na acumulação de fotoprodutos, associados com a progressão da pele danificada, que se manifesta na quebra das fibras de colagénio e elastina, favorecendo o aparecimento de manchas de pigmentação, flacidez, rugas e, nos casos mais graves, de cancro da pele.

As alterações são visíveis ao nível da epiderme, com o aumento da sua espessura, alta densidade de melanócitos em peles expostas ao sol e aumento da melanogenese estimulada pelos raios UV, decréscimo do número e função das células de Langerhans e alteração estrutural da união dermoepidérmica (expressão reduzida do colagénio tipo
VII).

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Por outro lado, os efeitos ao nível da derme resultam na degeneração das fibras elásticas em massas amorfas, na degradação do colagénio tipos I e III e no aumento da expressão da colagenase.

Danos fotoinduzidos
Os raios UVA e UVB mostram propriedades distintas em relação aos seus efeitos biológicos na pele:

Raios UVA
• Penetram na epiderme e danificam a derme: aumento da degradação do colagénio.
• Induzem danos indirectos no ADN através do aumento da produção de ROS (espécies reactivas de oxigénio).

Raios UVB
• Absorvem-se maioritariamente através da epiderme. São os responsáveis pelo eritema (queimadura solar).
• Induzem danos directos no ADN (é mais mutagénico e mais tóxico para as células que o UVA).

Activos funcionais
A investigação contínua dos laboratórios (fabricantes) resulta na elaboração de activos, com funções muito específicas, que se propõe actuar nos diferentes processos de formação das rugas.

Quando vamos a um centro de estética, realizar um cuidado de rosto, a profissional de estética deve avaliar os diferentes tipos de rugas, de forma a poder aconselhar e indicar os activos mais adequados para cada caso.

Radicais livres
Para além dos factores internos, alguns factores externos, tais como a poluição, o tabaco, o stress, as radiações, entre outros, aumentam excessivamente a produção de radicais livres, entre os quais:

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RCS (espécies reactivas de carbono)
• São mediadores potentes do stress de carbono celular;
• Reagem de modo covalente com as proteínas e criam danos irreversíveis;
• Causam dano celular por reacção directa com o ADN e as proteínas;
• Uma das principais fraquezas do colagénio são as RCS;
• Os níveis das RCS aumentam na pele fotoenvelhecida.

ROS (espécies reactivas de oxigénio)
• Em condições normais, as ROS são eliminados da célula por enzimas antioxidantes endógenas;
• O balanço entre o ritmo a que as ROS induzem o dano oxidativo e a rapidez com que este é reparado e eliminado pelos antioxidantes é o nível de stress oxidativo;
• O stress oxidativo, devido às ROS originadas no ambiente e na pele, provoca os sinais de envelhecimento como as rugas, a perda de elasticidade e as manchas.

RNS (espécies reactivas de nitrogénio)
• O stress nitrosativo ocorre quando são geradas RNS num sistema que excede a capacidade de as neutralizar;
• O stress nitrosativo pode provocar reacções de nitração que provocam a degradação celular.

Estratégias de combate
Antes de falarmos acerca dos diversos modos de combater os diferentes tipos de rugas, é essencial reforçar a importância da prevenção no seu aparecimento. O processo de prevenção inicia-se com uma revisão dos próprios hábitos e estilo de vida de cada um, seguidos de uma prevenção precoce, sempre com orientação especializada.

A prevenção é o melhor caminho para manter uma aparência jovem durante mais tempo. No entanto, a cosmetologia dispõe actualmente de complexos que permitem a estimulação e a produção de fibroblastos, a redução das rugas e das marcas de expressão e o aumento da elasticidade da pele, resultando consequentemente na melhoria do aspecto cutâneo.

Texto: Liliana Vilas, licenciada em Química
Edição: Patrícia Velez Filipe
Fotografia: Biotherm
Agradecimentos: Zeus Química; Lipotec