
"Sentíamos que a tecnologia podia ajudar", contou à agência Lusa Francisco Relvão, de 18 anos.
As primeiras ideias eram complexas e de difícil execução, como a criação de satélites "com câmaras de infravermelhos" ou a instalação de câmaras com sensores em postes para detetar o início das chamas, explicou.
A ideia final, desenvolvida nas aulas de Física e em casa pelos quatro alunos de Ciências e Tecnologia, passou a ser mais modesta, mas aplicável no terreno: um dispositivo que acionasse um alerta aquando da passagem das chamas pelo local.
Surgiu então o Mochu, uma pirâmide triangular camuflada, com 15 centímetros de altura, com um pequeno painel solar na hipotenusa do triângulo e que, por dentro, tem um arduino (um micro computador básico), sensores e tecnologia GSM, explicou Francisco Relvão.
A ideia é espalhar o dispositivo "pelas florestas de Portugal, onde é difícil o acesso", sendo colocado no chão, próximo de uma árvore, direcionado para sul para otimizar a energia solar.
"Basicamente, tem um programa que está a verificar um cabo e, no caso de o incêndio passar estraga o cabo e inicia o processo de comunicação às autoridades", referiu Francisco Relvão, sublinhando que a ideia é enviar uma mensagem com as coordenadas do dispositivo para a proteção civil ou bombeiros locais.
Neste momento, ainda tem duas possibilidades de atuação - "num dos códigos, o dispositivo verifica de 20 em 20 segundos se o cabo está lá, noutro, o sistema é acionado assim que o cabo fica danificado".
"Tanto posso pedir ao carteiro para me tocar à campainha quando trouxer uma carta ou posso ver se a carta está na caixa do correio", simplificou o estudante.
A armadura do Mochu é feita de lã de rocha - um bom isolador térmico - o que deverá permitir o funcionamento do dispositivo em contexto de fogo, sublinhou.
"Nós já fizemos testes e correu às mil maravilhas", realçou, considerando que, numa situação de aplicação no terreno, poderiam ser colocados vários em diferentes pontos e ser criada uma intra-rede entre os dispositivos para passarem informação entre eles até conseguirem enviar às autoridades.
O trabalho foi feito todo pelos alunos, que no início foram até à Universidade de Aveiro para esclarecer "algumas dúvidas".
"O objetivo é comercializar o produto", frisa Francisco Relvão, referindo que a equipa está também a concorrer com o Mochu em vários concursos destinados a ideias produzidas em âmbito escolar.
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