“Genericamente, os números em causa e nomeadamente o número deste ano é um aumento marginal. Estamos a falar de um número que não tem expressão”, sublinha António Cunha à agência Lusa.

As universidades e politécnicos públicos têm este ano 50.688 vagas para a primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, um ligeiro aumento face a 2015, e o primeiro em quatro anos de quebras sucessivas na oferta.

De acordo com dados disponibilizados pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), para o concurso que arranca na próxima quinta-feira, há mais 133 vagas do que as 50.555 disponibilizadas no ano anterior, o que se traduz num aumento ligeiro, distribuído entre várias instituições, mas que contraria uma tendência de queda do número de vagas iniciada em 2012.

“O número não é significativo. Tanto as reduções de vagas que se verificaram nos últimos anos, como este aumento de vagas devem ser entendidos como processos normais de ajuste da oferta que as várias instituições fazem daquilo que é uma procura que é conhecida e que tem especificidades muito diversas nos grandes centros urbanos ou nas regiões do interior”, refere o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.

No entanto, segundo António Cunha verifica-se “um contexto positivo de oferta de vagas”, que é maior do que a procura, o que significa, refere o reitor, que os estudantes têm uma capacidade de escolha que é “interessante” em relação às várias ofertas que lhes são postas pelas diferentes instituições de ensino superior.

“Por isso, encararia esta alteração do número de vagas como um processo normal de ajustamento entre aquilo que são as apostas das diferentes instituições do ensino superior, que há alguns anos veem ajustando a sua oferta àquilo que são as realidades da procura e as dinâmicas do mercado de trabalho. É um processo que deve ser entendido com normalidade”, acrescenta o reitor.

António Cunha, indica também que as vagas para o concurso nacional de acesso são o principal mecanismo de entrada no ensino superior, mas que há outros meios de entrada e que existem cursos “que aparecem com procura muito baixa no concurso nacional de acesso”, porque são cursos em regime pós-laboral e dedicados a uma população com mais de 33 anos e “pessoas que têm outro esquema de acesso”, como os cursos com base em estudantes estrangeiros.

No mesmo contexto, o presidente do conselho de reitores sublinha que - em termos nacionais - o objetivo é ter mais gente no ensino superior.

“Portugal não tem um problema de ter licenciados a mais, tem o problema de ter menos gente do que o que devia ter no ensino superior e isso devia ser assumido como um desígnio nacional porque só o aumento das qualificações das pessoas pode levar a que tenhamos uma economia que seja mais competitiva”, frisou António Cunha.

Para o mesmo responsável, “é importante garantir que as questões económicas e financeiras não devem ser impedimento de acesso ao ensino superior e, portanto, que não haja pessoas que não conseguem ou que não vão para o ensino superior porque, de algum modo, não têm situação financeira para isso".

"As medidas que visam alargar a abrangência e a base de apoio dos mecanismos de ação social escolar seriam obviamente muito bem-vindas”, alertou o reitor.