
“Fiquei perplexa com o ressentimento que encontrámos, não só em entrevistas que conduzimos com várias crianças do meio, mas em dezenas de fóruns na Internet, onde a maior parte dos filhos do meio dizem ter sido abandonados pelos próprios pais”, explica Katrin Schumann no artigo que escreveu para o jornal britânico Daily Mail. “Mas muita desta indignação é um equívoco.”
Isto porque os filhos do meio, ao contrário do estereótipo que é perpetuado, têm tendência para serem mais bem-sucedidos na sua vida do que os irmãos, tal como revela o seu último livro. Para além disso, são pessoas com uma vida social ativa e carreiras promissoras.
Julia Roberts, Bill Gates, John F. Kennedy, Ernest Hemingway, Martin Luther King ou Nelson Mandela são algumas das figuras públicas que foram filhos do meio e cujas vidas falam por si.
Um dado curioso prende-se com o facto da jornalista referir que o isolamento e indiferença que os filhos do meio dizem sentir por parte dos pais acaba por ter consequências positivas na sua vida futura e personalidade.
Por exemplo, são pessoas mais pacientes, capazes de fazer cedências, nada egocêntricas, leais, com uma mente aberta a nível sexual e capazes de entender os pontos de vista de terceiros. “É talvez por causa disto que, ao contrário do que se pensa, eles são mais bem-sucedidos nos relacionamentos. Num dos nossos estudos, descobrimos que 80% dos filhos do meio mantêm-se fiéis aos seus parceiros comparativamente com os mais velhos (65%) e os mais novos (53%)”, refere Schumann.
Mas os efeitos negativos também existem e estão bem vincados na personalidade deste tipo de pessoas. Devido ao facto de serem o filho do meio faz com que tenham necessidade em agradar os outros, evitem confrontos a todo o custo e não tenham uma relação de proximidade com os seus progenitores. Isto poderia levar a que se concluísse o seguinte: que grande parte dos filhos do meio não quer constituir família. Mas a verdade está bem longe disso.
“Apesar da experiência que tiveram durante a sua infância, eles não vão favorecer o seu filho do meio mas, em vez disso, vão colocar uma grande ênfase naquilo que é justo. Aliás, a justiça é uma das características mais fortes dos filhos do meio”, refere. “Talvez seja por isso que grande parte dos filhos do meio se tenham tornado políticos reformistas ou agentes de mudança social – porque estão determinados a combater a injustiça”, remata.
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