As férias de Verão são sinónimo de liberdade, aventura e alegria, mas também podem arrastar consigo o medo. Nesta altura, muitas crianças são confrontadas com receios das quais se encontram mais ou menos protegidas durante o resto do ano. Por exemplo: medo do mar ou de insetos.
“Os medos são evolutivos”, explicou a psicóloga Nuria G. Alonso ao jornal El País. “Há uma idade em que somos especialmente vulneráveis a esses medos e cada fase de desenvolvimento tem alguns receios que a definem e que as crianças têm de superar. Os miúdos estão a conquistar mais autoconfiança e autonomia e conseguem superar os medos sozinhos, mas às vezes falham, seja por causa da sua personalidade, pela superproteção dos pais ou por circunstâncias exteriores.”
A especialista defende que quando os pais percebem que o medo está a afetar a vida da criança e da família, que influencia os resultados escolares e o estado de espírito dos miúdos ou a forma como se relacionam com os outros, é preciso atuar. “Por exemplo, é normal que uma criança de 1 ou 2 anos tenha medo de ir à casa-de-banho sem os pais, mas se isso se mantiver aos 10, deve consultar um especialista”.
Regra geral, os medos mais comuns prendem-se com a ansiedade diante da estranheza e a angústia da separação, o medo da água, de animais (sobretudo cães) e do escuro. “Todos têm a ver com a rotina diária da criança: relacionar-se com os outros (pessoas ou animais), mergulhar ou nadar (especialmente no verão), dormir. Portanto, se a criança já teve experiências más com essa sensação de perigo (porque a experimentou ou observou em terceiros) e se não está à vontade com a reação dos pais (porque eles próprios sentem o mesmo ou são especialmente super-protetores nessa situação), é possível que não confie na capacidade dos mais velhos para superarem esse desafio”, exemplifica Nuria G. Alonso.
Saiba o que pode fazer para ajudar a criança a superar os seus maiores receios:
- Dê-lhes ferramentas para superar o medo e transmita toda a segurança que conseguir.
- Forçar a situação com amor também pode ser uma opção, mas respeite os tempos da criança. “Um dos erros mais frequentes dos adultos é pensarem que, como alguns medos são sazonais, podem ir adiando a questão”, diz Núria Alonso. Rebatendo: “Nada mais errado, quando um medo não é abordado e superado vai ganhando cada vez mais dimensão, podendo afetar a autoestima e incapacitar algumas ações da criança”.
- Enfrente o medo com otimismo. “Isto não implica subestimar ou brincar com os receios da criança, até porque, para ela, o assunto é sério”, vinca Alonso. A melhor opção é encher-se de paciência e enfrentar a situação as vezes que forem necessárias até o medo ir diminuindo.
- Acompanhe a criança com calma. “Não ajudará nada dizer-lhe que está tudo bem quando a sua cara mostra o oposto. Se está com medo, há uma forte probabilidade de o seu filho sentir o mesmo”. Tente camuflar o seu próprio receio ou delegar essa tarefa, por exemplo no pai ou numa figura próxima e querida.
- Não reforce o medo da criança, empurrando-o para a frente. Estimule-a, isso sim, a ir tentado superar esse receio, aos poucos e com ternura. “Cada vez que tentar, é um passo em frente no fortalecimento da sua autoestima”.
- “Dê-lhe estratégias para superar o medo e não force nada: terapias de choque deixaram de funcionar há muito tempo”, sublinha a psicóloga. “O seu papel deve ser apenas o de se pôr no lugar da criança e fornecer-lhe ferramentas para enfrentar a situação”. Se ele tem medo de se perder entre a multidão, por exemplo na praia ou num centro comercial, faça com que ele use sempre uma pulseira com o seu número de telemóvel de forma a poder ligar-lhe em caso de emergência.
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