O chefe de Estado chegava à Aula Magna para a sessão solene de abertura do ano académico da Universidade de Lisboa 2018/2019, cerimónia em que irá proferir a sua última lição como professor universitário de Direito.

Um dos alunos que seguravam cartazes contra as propinas, António Azevedo, de 22 anos, teve uma curta troca de palavras com Marcelo Rebelo de Sousa, a quem disse: "A educação supostamente é um direito, mas pagamos 1.068 [euros], não é?". "E as propinas, senhor Presidente? E a educação, que é um direito e não está a ser?", insistiu o jovem.

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Rodeado por elementos da comunicação social, o Presidente da República respondeu: "Quando fui líder do PSD eu inclusive contribuí para o chumbo de uma proposta do Governo porque as propinas eram muito elevadas". O aluno prosseguiu: "Mas, [as propinas] continuam a existir e os orçamentos do Estado a passar, não é?".

Partidos têm de propor fim das propinas

"Eu estou atento a isso", afirmou o chefe de Estado, sugerindo que "têm de ir ao parlamento conseguir com que os partidos lutem por isso também".

Há que "fazer cumprir a Constituição também, senhor Presidente", defendeu António Azevedo. Referindo que "há propostas", o aluno perguntou ainda "porque é que o Presidente não apela a um consenso para o fim das propinas". "O Presidente apela, mas é preciso que os partidos todos votem", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

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Este jovem, aluno de Ciência Política do Instituto Superior de Ciências Sociais, que não quis revelar à agência Lusa se é filiado nalgum partido político, alegando que isso "é irrelevante", retorquiu prontamente ao chefe de Estado: "Eu não tenho visto, senhor Presidente".

Questionado pela comunicação social, o Presidente da República disse compreender perfeitamente a posição dos estudantes. "Ainda noutro dia falei no alojamento dos estudantes, que é um problema fundamental", mencionou.

Os alunos entregaram ao Presidente da República um documento no qual consideram que "as políticas públicas de cortes no financiamento do ensino superior geraram por todo o país, e aqui em Lisboa, uma situação catastrófica para estudantes, famílias e instituições do ensino superior público".

"Colocando à cabeça dos constrangimentos a propina, de valor anual igual a 1068,46 euros para licenciaturas, não existindo valores máximos para os seguintes graus de ensino, milhares de estudantes vêm-se impedidos por motivos meramente financeiros de frequentar o ensino superior", relatam.