A Associação de Apoio à Vítima (APAV) atendeu no ano passado 40.928 pessoas, tendo identificado 9.176 vítimas, segundo o Relatório Anual 2017 hoje divulgado, que aponta a violência doméstica como o principal crime cometido.

Quando a maioria dos casos chegou ao conhecimento da associação, as vítimas já carregavam um longo historial de violência.

Quase sempre foi a própria vítima que pediu ajuda, mas também houve muitos familiares e amigos que decidiram tomar a iniciativa e alertar a APAV.

Apenas 12% dos casos reportados no ano passado diziam respeito a situações pontuais de crimes, havendo outros tantos casos (13%) em que não foi possível perceber a duração da vitimização, segundo o relatório que analisou a situação de 7.107 pessoas.

Três em cada quatro estavam a sofrer há já algum tempo quando recorreram à associação: 365 pessoas eram vítimas desde o século passado, ou seja, há mais de 20 anos.

Outras 321 começaram a ser vítimas dos agressores entre 1998 a 2006 e outras 357 contavam já com um período de vitimização continuada de entre sete a 11 anos.

Quase mil pessoas (862) revelaram à associação que não tinham sido vítimas apenas uma vez, estando a viver uma situação dramática há pelo menos dois anos, havendo casos em que prolongavam há seis anos.

Tendo em conta que a violência doméstica representa 75,5% dos casos relatados, mais de metade dos crimes ocorreram na casa do casal, seguindo-se a casa da vítima.

No ano passado também se registaram 1.189 crimes na via pública e outros 164 na escola.

Registaram-se 422 denúncias relacionadas com o crime de perseguição e 778 com ameaças e coação, havendo ainda 45 contactos para alertar para crimes de sequestro e outros sete relacionados com raptos.

Os casos de 'bullying' motivaram 113 registos e o cibercrime outros 25.

Segundo a APAV, a maioria das vítimas é do sexo feminino (82,5%) e tem entre os 25 e os 54 anos (38,9%). Já os agressores são quase sempre homens entre os 35 e os 54 anos.