Por ocasião do Dia da Mãe, que se comemora no próximo dia 5 de maio, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), lembra que todas as futuras mães devem ter particular atenção à sua saúde ocular pois as alterações do metabolismo geral, do perfil hormonal e da circulação que acontecem durante a gravidez podem afetar o normal funcionamento da visão.

 

Isabel Prieto, membro da direção da SPO, explica que «são essencialmente três os tipos de alterações que podem acontecer no aparelho visual durante a gravidez: alterações fisiológicas relacionadas com a gravidez como a diminuição da sensibilidade e aumento da espessura da córnea por edema, diminuição da pressão intraocular, alterações do campo visual e alterações transitórias na focagem. Estas transformações podem condicionar curtos episódios de visão turva e sensação de olho seco, e que revertem no fim da gravidez ou após o período de amamentação».

 

A oftalmologista diz, ainda, que «em segundo lugar vêm as doenças com envolvimento ocular relacionadas com a gravidez como a toxémia gravídica e determinadas doenças vasculares oclusivas que podem ter repercussões visuais que vão desde queixas ligeiras até perdas graves de visão. A recuperação pode ser completa após a gravidez ou podem persistir sequelas graves com défice visual grave». Por fim, «temos as doenças pré-existentes com envolvimento ocular, suscetíveis de se agravar com a gravidez, como a diabetes, cujas complicações podem deixar sequelas com perda visual de gravidade muito variável”.

 

Isabel Prieto lembra que «a variação da curvatura e da espessura da córnea devido à retenção de líquidos, pode ocasionar discreta alteração na graduação ocular e intolerância às lentes de contacto mas que tendem a reverter após o restabelecimento do perfil hormonal». A oftalmologista realça que «a maternidade é um período em que a mulher não pode ignorar a sua própria saúde, na qual se inclui a sua visão. Os cuidados e a prevenção devem começar antes do início da gravidez. Todas as mulheres devem efetuar um “check-up ”completo antes de engravidar. Devem certificar-se de que estão de boa saúde e de que não têm doenças ou alterações suscetíveis de se complicarem durante a gravidez».

 

«Se existirem alterações que possam complicar-se durante a gestação, a mulher deve garantir um bom controlo da sua saúde, o que é particularmente importante nas grávidas diabéticas. Todas as diabéticas devem ter um exame oftalmológico inicial no primeiro trimestre e o seguimento depende da evolução da doença sistémica e ocular durante a gravidez. Mesmo nos casos em que não há retinopatia diabética deve fazer-se, no mínimo, um exame oftalmológico no primeiro trimestre e um novo exame no terceiro trimestre para monitorizar qualquer alteração», defende Isabel Prieto, que deixa também alguns conselhos. «As mulheres grávidas devem ter uma alimentação saudável, incluindo suplementos vitamínicos e minerais, fazer exercício moderado, realizar um bom controlo do metabolismo e do peso e fazer rastreio e vigilância de alterações ou doenças sistémicas capazes de agravar e/ou provocar alterações oculares durante a gravidez».

 

A SPO recomenda a todas as mulheres a visita regular ao oftalmologista sobretudo a partir dos 40 anos, com uma periodicidade de dois em dois anos, para a prevenção e tratamento atempado da patologia ocular na mulher. Mulheres diabéticas, hipertensas, que se submeteram a quimioterapia ou têm história familiar de doenças oculares devem começar esse acompanhamento o quanto antes. A qualidade de vida e proteção são as palavras-chave para que a mulher veja o mundo com os olhos sempre saudáveis.

 

Maria João Pratt