Num estudo apresentado esta semana numa reunião da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, em Boston (EUA), investigadores da Universidade de Harvard compararam os hábitos alimentares de 156 homens submetidos a tratamento de fertilização in vitro com as suas parceiras.

 

Foi perguntado a cada um dos participantes no estudo a frequência com que comiam uma variedade de alimentos, incluindo carne processada, carne branca, carne vermelha, peixe branco, atum ou salmão. Os homens que consumiam metade de um pedaço de carne processada por dia tinham apenas 5,5 por cento de espermatozoides com forma «normal», em comparação com 7,2 por cento dos homens que comiam menor quantidade.

 

Os homens que consumiam peixe branco pelo menos a cada dois dias – ou meia porção diária – tinham esperma de muito melhor qualidade do que aqueles que raramente o faziam.

 

Myriam Afeiche, coordenadora da investigação, afirma que «Descobrimos que a ingestão de carne processada baixou a qualidade do esperma e que o consumo de peixe a aumentou».

 

Mas Allan Pacey, presidente da Sociedade Britânica de Fertilidade, mostra-se cauteloso sobre os resultados e declarou à BBC News que «A relação entre dieta e fertilidade masculina é interessante e certamente há evidências convincentes de que os homens que comem mais fruta fresca e vegetais têm melhor esperma do que os homens que não o fazem. No entanto, pouco se sabe sobre a fertilidade dos homens com dietas pobres e se alimentos específicos podem ser associados à má qualidade do esperma».

 

«Neste caso, os autores vinculam a ingestão de carne processada com o tamanho e forma dos espermatozoides de um homem. Este pode ser um efeito real, mas o estudo é pequeno e sabemos que medir com precisão, em laboratório, o tamanho e a forma de espermatozoides está repleto de erros», continua o especialista.

 

«No entanto, já é sabido que o consumo elevado de carne processada está ligado a outros problemas de saúde e, assim, aconselhar os homens a limitarem a ingestão de alimentos processados pode melhorar a saúde geral, bem como, eventualmente, ser bom para a sua fertilidade», conclui Allan Pacey.

 

 

Maria João Pratt