Como pais, queremos proteger os nossos filhos de tudo o que possa ser perigoso, mas… e se formos nós quem, inadvertidamente, está a prejudicá-los? A nutricionista norte-americana Rebecca Scritchfield, autora do livro Body Kindness, apela aos adultos para que, em vez de se focarem no peso, se centrem na saúde das crianças.
De acordo com um estudo conjunto das universidades de Liverpool e da Florida, publicado na revista Pediatrics, identificar uma criança como tendo sobrepeso tem consequências prejudiciais.
A pesquisa – conduzido pelos psicólogos Eric Robinson e Angelina Sutin e divulgada pela US News – concluiu que as crianças com peso a mais ou que tiveram pais que que as consideravam gordas, ficaram mais suscetíveis a um aumento de peso durante a juventude.
Surpreendentemente, o mesmo aconteceu com crianças de peso normal ou abaixo da média, mas cujos pais consideravam gordas.
Já os miúdos que possuíam peso a mais na primeira infância e cujos pais as viam como tendo um peso normal, ou abaixo do normal, eram menos propensas a engordar à medida que cresciam.
A questão é clara: deve o pai de uma criança com peso a mais chamar-lhe constantemente a atenção para isso? A resposta é não, diz a nutricionista, argumentando que as crianças rotuladas desta forma correm mais riscos de vir a ter excesso de peso.
Isto porque, explica, as pessoas estigmatizadas devido ao peso têm tendência a comer demais ou a tornar-se mais sedentárias, pensando que para elas “não há remédio”, e por isso, “mais vale comer outra taça de gelado” ou “faltar mais um dia ao ginásio”.
A nutricionista aconselha os pais a se lembrarem que o corpo de uma criança sofre várias transformações ao longo do processo de crescimento, sendo natural que fique mais “redondo” antes de dar um “salto” em tamanho.
Lembrando que a sociedade atual premeia a magreza, e que isso está errado, a Academia de Pediatria Americana (AAP) recomenda aos pais que evitem comentários sobre os quilos a mais dos filhos se querem evitar problemas de obesidade e distúrbios alimentares na adolescência. Mesmo que, em casa, pratiquem um regime de dieta saudável.
Além disso, destaca a mesma organização, quando falarem com o médico dos filhos, devem focar-se na saúde deles e não na questão do peso.
Comportamentos que ajudam as crianças a tornarem-se saudáveis a longo prazo – tanto física como emocionalmente – são mais importantes do que um número na balança.
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