Ao contrário de quase todas as crias do mundo animal, o bebé humano não está pronto para enfrentar o mundo mal nasce. O que quer dizer que pertencer à espécie mais inteligente não equivale a pertencer à espécie mais independente. “Pelo contrário: na espécie humana, a maior parte do desenvolvimento do cérebro ocorre fora do útero, pois, de outra forma, o nascimento seria inviável”, pode ler-se nas informações do Instituto Europeu de Saúde Mental Perinatal citadas pelo jornal espanhol La Razón,. “Isto faz com que o bebé precise de condições muito semelhantes ao útero para terminar o desenvolvimento”.

Na verdade, um bebé humano não se assemelha a nenhum outro recém-nascido: não tem ossos fortes nem capacidade de se alimentar sozinho, uma limitação que mantém durante muito tempo após o nascimento. Segundo os especialistas ouvidos pelo La Razón, para se assemelhar às outras crias, teria de permanecer no útero mais 18 meses. “É isso que observamos ao comparar a evolução do ser humano com outros mamíferos”, dizem os especialistas do mesmo instituto.

O que é que este nascimento antecipado em 18 meses significa no processo de crescimento do bebé?

Durante esse tempo, os bebés esperam contar com uma espécie de útero exterior. Não conseguem controlar-se a si mesmos e os cuidadores têm de ensiná-los a fazê-lo; por exemplo, ajudando-os a acalmar em qualquer situação geradora de ansiedade. A verdade é que, nestes primeiros meses da criança, os pais têm de mantê-los num estado quase ideal para que os seus mecanismos de controlo continuem a amadurecer. Um bebé muito ansioso, por exemplo, tenderá a concentrar a maioria das energias na sobrevivência quando for mais velho.

Os ossos da cabeça não se fundem até cerca de 18 meses para permitir o maior crescimento do cérebro, fomentado por ações que passem pelo toque e pelo afeto – carícias, colo, amamentação, gestos para acalmar, etc.

O artigo chama a atenção para o facto de muitos cuidadores não estarem conscientes destas necessidades – “a começar por alguns médicos, que tratam os bebés de forma um pouco mecânica e rude, sabendo que essas experiências vão ser determinantes para a maturação do cérebro”.

Os bebés precisam de cuidados semelhantes aos que têm dentro do útero nos 18 meses depois do parto. Devem permanecer calmos e confortáveis para que os sistemas neurobiológicos amadureçam bem.

Depois desse período, o desenvolvimento sensível estende-se pelos primeiros mil dias de vida – três anos –, embora o cérebro continue a crescer significativamente até os seis anos.