Nas últimas décadas, em especial no mundo ocidental, a incidência das doenças de tipo alérgico tem vindo a aumentar e os últimos estudos apontam para a existência de cerca de 25% da população afetada por estas patologias.

 

Mudanças nos hábitos de vida (com destaque para os alimentares), climáticos e até civilizacionais são apontados como razões para este fenómeno em que o sistema imunitário responde de forma excessiva a estímulos que, em situações normais, não o fariam reagir.

 

Em paralelo, estima-se que 10 a 16% das crianças sofram de asma. Porém, um diagnóstico que até há alguns anos podia significar grandes limitações na vida quotidiana, tem hoje prognósticos bem mais favoráveis.

 

Tão positivos que, com o acompanhamento clínico e terapêutico adequado, permitem um quotidiano idêntico a todas as outras crianças.

 

 

Sinais iniciais

 

Episódios frequentes de tosse – seca ou acompanhada de expetoração, em especial durante a noite – ou de falta de ar costumam ser dos primeiros sinais de alarme. Um crescimento e desenvolvimento físico lentos podem também indicar que existe alguma questão do foro alérgico.

 

A ida ao pediatra é o primeiro passo, a que se pode seguir a consulta junto do especialista em alergologia. E quando surge a palavra “asma” muitos pais ficam assustados, já que a relacionam com uma doença crónica, grave e que impede uma infância igual à dos outros meninos. Mas tal não podia estar mais longe da verdade.

 

 

Prevenir é preciso

 

Feito o diagnóstico, e debeladas as crises que motivaram o recurso ao médico, a aposta deve ser na prevenção. Os mais recentes desenvolvimentos científicos permitem não só tratar a doença, como também intervir de forma precoce (ao aparecimento dos primeiros sinais) e evitar situações graves e complicadas. Se este plano for seguido, não há qualquer razão para que, hoje, a criança sofra de ataques de asma complicados.

 

Por outro lado, o controlo desta alergia leva a que possa praticar desporto e fazer uma vida absolutamente normal.

 

Vacinas contra os fatores alérgicos, sprays nasais e pulmonares e um vasto leque de outras terapias estão ao serviço dos médicos e dos seus pequenos pacientes. O importante é que a solução encontrada seja eficaz, o que pode não ser atingido à primeira tentativa. Mas vale a pena insistir.

 

Uma criança que tenha a sua asma controlada pode correr, brincar, ser atleta, estar em qualquer ambiente e até praticar um instrumento musical de sopro com toda a naturalidade e confiança.

 

 

Princípios importantes

 

Existem algumas estratégias que facilitam a adaptação a criança e da família à circunstância de esta ser asmática: 

  • Os adultos e a criança devem procurar conhecer profundamente os mecanismos das doenças alérgicas e, em especial, da asma. Só assim reconhecerão os sinais e poderão procurar ajuda rapidamente, em caso de crise;
  • Reconhecer os possíveis “detonadores” das crises e evitá-los sempre que possível, mesmo que a criança esteja a ser acompanhada e medicada;
  • Consultar regularmente o especialista permite manter a asma sob controlo e ajustar as terapêuticas;
  • Procurar manter a casa livre de potenciais alergénios como, por exemplo, pó e bolor;
  • Criar objetivos – sejam eles praticar desporto ou gerir uma crise de forma rápida e autónoma – e, em conjunto, tudo fazer para os atingir. É desta forma que se evita que a asma domine a vida de todos os dias, remetendo-a para o seu verdadeiro papel: uma circunstância de saúde controlada.

  

Maria Cristina Rodrigues