Uma das nossas prioridades e que fazemos questão de insistir é que os meninos gostem de todo (ou quase todo) o tipo de comida e que experimentem antes que digam que não gostam. Quero que se habituem às comidas normais, às menos normais, a sabores e paladares diferentes,  fazer refeições que todos gostem e apreciem. Não quero ter meninos esquisitos com o que comem nem difíceis com a comida.

Portanto, o que vier para a mesa é para se comer e não se diz que não se gosta antes de ter experimentado. Claro que há alimentos mais fáceis de se introduzir e outros mais difíceis e claro que há crianças que também são melhores garfos e outras que é mais complicado fazer uma alteração à rotina
alimentar. Cá em casa temos estes dois exemplos.

O João desde muito cedo começou a querer comer sozinho e adorava comer. Refilava antes da horinha das refeições, e queria ter a boca sempre cheia!Mal o pediatra disse que podia comer de tudo, começámos a introduzir novos sabores e eram sempre muito bem aceites. Comia (de) tudo e comia muito!

Confesso que estava mal habituada neste departament o, pois via os filhos de amigas minhas que se recusavam a comer, não abriam a boca para nem sequer uma colher, e via o desespero de algumas delas com novos truques e brincadeiras para os entreter enquanto tentavam (em vão) alimentar as crianças, e eu conseguia dar o jantar ao João com sopa, prato e sobremesa em menos de meia hora, sem choro, sempre a querer mais e mais.

E depois veio o Tomás, que me pregou uma partida! Desde de cedo reparámos que seria mais difícil dar-lhe o leite ou até mesmo a comida. Houve alturas em que fechava a boca e não bebia leite nenhum (independentemente do tipo de leite) e eu ficava doida. Agora que também pode comer de tudo, está melhor e mais fácil. Mas há fases que decide que não come, e aí tudo é mais difícil.

O João vê o irmão a tentar não comer, e a par do facto de agora saber o nome de muitos alimentos, por vezes diz que não gosta e que não quer só por dizer. Como o caso do puré. Não come puré (se souber que é puré), mas adora “batatinha esmagada” e empadão de batata.

Para tentar dar a volta à situação, comecei a fazer desenhos e figuras nos seus pratos. A primeira vez até foi por acaso e com panquecas. Ora eu sabia que o João ia gostar de panquecas, mas também já sabia que ia ser difícil que ele provasse. Assim, fizemos panquecas do Mickey e foi uma delícia! Numa panqueca fiz a cabeça do Mickey utilizando uma chávena de chá, e noutra panqueca recortámos as orelhas com uma chávena de café. Os olhinhos e nariz eram framboesas e salpicámos com um pouco de açúcar. Adorou! Adorou comer uma orelha do Mickey, e provar o nariz. Gostou tanto que queria repetir.

Um dia ao jantar fizemos o castelo dos Gormiti com uma torre de arroz para proteger o castelo. O arroz tinha ervilhas que eram as aberturas para os canhões. Depois veio também o pescoço e barriga de um braquiossauro (de empadão de peixe) que passeava na floresta (salada e tomate) e foi outro sucesso! E quando é uma comida que sei que será mais difícil convencer, vem sempre uma cara de um vilão, com os olhos em bico e a boca grande.

No fim de ter comido tudo e de ter gostado dizemos o nome do que comeu para de futuro se lembrar que já provou e até gostou. São raras as vezes que vejo que realmente não gosta da comida e nessas alturas também não insisto muito.

Estes pequenos truques ajudam-me a introduzir os novos paladares e texturas e tornam alguns momentos que poderiam ser mais difíceis em momentos divertidos e que se lembrarão durante muito tempo.

Marta Andrade Maia

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