Aos 13 anos Pedro Sampaio já fazia música com um balde, longe de imaginar que com os "batuques" nascia uma paixão que o levaria longe. A adolescência conduziu-o às pistas como DJ, mas as festas rapidamente se tornaram pequenas e a vontade era fazer mais.
Tocava, produzia e escrevia, mas poucos acreditavam e ninguém queria gravar os seus temas. Cansado, decidiu ser ele a dar-lhes voz e assim conseguiu, aos 25 anos, tornar-se um fenómeno de popularidade.
Temas como 'Bota Pra Tremer', 'Galopa' ou 'Dançarina' fizeram sucesso também em Portugal, onde agora atua pela segunda vez.
Antes de subir ao palco da Altice Arena na sexta-feira, dia 14 de abril, e do Altice Forum Braga, no domingo, dia 16, Pedro Sampaio conta-nos qual o caminho trilhado até ao sucesso em entrevista ao Fama ao minuto.
Estava muito no início, não tinha nome e as pessoas não acreditavam muito, até que um dia fiquei farto
Pedro, como se passa de um DJ que toca em festas esporádicas e não tão conhecidas a um verdadeiro sucesso mundial?
Também não sei [risos]. Acontece… Não, mentira. Amo muito o que faço, então a coisa foi indo, tanto que nunca imaginei que cantaria um dia na minha vida. Passei a cantar por isso, por procurar oportunidades.
No início da minha carreira, não cantava, só escrevia e produzia, fazia batidas, e tinha uma dificuldade muito grande em conseguir pessoas para cantar as músicas. Estava muito no início, não tinha nome e as pessoas não acreditavam muito, até que um dia fiquei farto disso e falei: não, não vou ficar aqui parado à espera de alguém. Aí comecei a cantar! Gravava-me, usando Auto-Tune, e a coisa deu muito certo. Aí tem duas lições, fazer o que você ama e acreditar. Essas duas coisas foram muito importantes para mim.
A chave para o sucesso está na criatividade e capacidade de ousar, as suas marcas de referência?
É verdade, tenho tatuado aqui no meu braço creativity, criatividade. A criatividade levou-me e tem-me levado a lugares muito grandes, artisticamente falando. É algo que existe em mim, tento sempre manter a criatividade fresca e saudável, ela é muito importante, ela é a personalidade do artista, é o que diferencia o artista, o que traz a novidade para o público e o que faz você sempre se reinventar. Um artista precisa de estar sempre a reinventar-se e a entregar algo novo para o público.
Há um artista português que tenho visto bastante [...]. Vou ver se o chamo
O que é que o Pedro conseguiu trazer de novo e diferente para a música brasileira?
Sem querer parecer prepotente, acho que, de certa forma, inovei o mercado do Funk e do Pop brasileiro. Consigo juntar culturas e juntar ritmos e tendências, principalmente os brasileiros, que funcionam muito e comunicam com a grande massa. Não é algo só para um nicho ou bolha, então acho que isso foi algo revolucionário para o mercado brasileiro... E sou um DJ, produtor, que canta, escreve, sou um polvo com vários tentáculos.
Em Portugal os seus temas são igualmente um sucesso, tanto que está de volta, depois de uma primeira passagem por cá, para novos espetáculos. Tem vindo a sentir este sucesso e o carinho do público português?
É um carinho muito especial. É diferente do carinho do público brasileiro. Quando vem um artista internacional para o Brasil, o brasileiro trata de forma grandiosa, e no caso de Portugal eu sou esse cara. Quando chego a Portugal, sinto esse carinho, sinto esse amor, porque estou noutro país. É um carinho muito intenso. Da primeira vez que fui, foi um período da minha vida que me marcou muito. Recebi um carinho muito genuíno porque era a primeira vez que estavam a ver-me. Lembro-me que ainda consegui dar uma volta, queria muito conhecer a cultura um pouco mais de perto. Depois do show ainda fiquei no meio da galera pulando e recebi esse carinho muito intenso. Sou muito assim, de sentir mesmo a conexão real, e acho que consegui... tanto que agora estou de volta.
Não sei se já teve oportunidade de conhecer algum artista português, mas aproveito para perguntar-lhe: gostava de fazer uma parceria por cá?
Há um artista português que tenho visto bastante que é o Ivandro. Vou ver se o chamo.
O meu show é feito para você se entregar, ser quem quiser, dançar do jeito que quiser, cantar, extravasar...
Os espetáculos do Pedro são descritos como uma "experiência inesquecível", que experiência é esta a que os fãs vão ter oportunidade de assistir no dia 14 de abril na Altice Arena, em Lisboa, e no dia 16 no Altice Foum Braga?
O meu show é feito para você se entregar, ser quem quiser, dançar do jeito que quiser, cantar, extravasar, tentar alcançar a felicidade do modo mais puro. Tento levar isso para todo o mundo que vai aos meus concertos. Acabei de fazer o show do Lollapalooza, aqui no Brasil, que foi super marcante para mim, e toda essa novidade do show do Lolla já vou levar para Portugal. Só que em Portugal vai ser ainda melhor, porque vou ter mais tempo, é um show só meu. Vai ser uma entrega ainda mais completa, para a galera aproveitar até ao último segundo.
E desta vez vem com tempo para passear um pouco mais por Portugal?
Agora sim, vou ter um pouco mais de tempo com certeza.
As redes sociais, no caso do Pedro, têm uma influência muito grande na sua carreira e na forma como chega aos fãs. Neste momento, o TikTok, Instagram e YouTube são os seus maiores aliados?
Acho que se não tivesse nascido no período em que nasci, nesta era, nesta minha geração, talvez não conseguisse chegar a este patamar de forma tão rápida, talvez não conseguisse ter 25 anos e estar pela segunda vez a caminho de Portugal, ou alcançado as posições que alcancei no meu país. Acho que soube trabalhar com as ferramentas que tinha e acho que isso me ajudou muito, e ajuda todos os artistas desta geração e de outras que conseguiram adaptar-se.
As redes socais chegaram para aproximar todo o mundo, conectar todo o mundo, fazer as coisas acontecerem mais rápido. Claro que é necessário ter cuidado, há toda uma questão de ansiedade envolvida nisso, estamos a sentir esse impacto cada vez mais nos dias de hoje mas, de um modo geral, falando de forma positiva, foi essencial para a minha carreira.
Não guardo mágoa, não guardo rancor de ninguém
O sucesso entre o público é inegável e os números falam por si, mas faltou dizer-nos como reagiu o meio artístico brasileiro à chegada de um Pedro Sampaio diferente e cheio de criatividade.
Acho que não tinha como não ser bem recebido. O meio artístico é um meio, falando a realidade da situação, que quando você faz sucesso por contra própria, que foi o meu caso, as músicas fizeram sucesso desde o início, torna-se interessante ter o Pedro Sampaio por perto... porque está a fazer sucesso. Acho que o meio artístico tem muito essa diferença, por perceber isso gosto sempre de trazer pessoas e dar oportunidade a novos artistas.
Fui bem recebido acredito que muito por isso, por ter feito sucesso de forma rápida. No início ninguém queria gravar a minha música, mas quando achei o meu lugar, e começou a dar certo, aí todo o mundo apareceu. Comigo aconteceu assim, mas tenho plena consciência de que na maioria dos casos não é assim.
O que tem a dizer hoje a essas pessoas que não confiavam na sua música?
O que tenho a dizer é que estou aqui. Se quiserem fazer um feat comigo, estou aqui. Não guardo mágoa, não guardo rancor de ninguém. A vida é feita disso, de aprender com as barreiras, aprender com a dor, com a frustração, e você tornar-se cada vez mais forte. E tornar-se mais forte não é não dar oportunidade ao mais fraco, é muito pelo contrário, é você dar oportunidade, é trazer toda a luz que tem e espalhar pelas outras pessoas. Isso também é importante para manter a carreira, para manter a cabeça sempre tranquila, leve, e continuar a criar.
Na época desses batuques eu nem imaginava que ia ser DJ, nem cantor, nem artista
Já falámos de uma parceria aqui em Portugal, mas e a nível internacional: qual é o grande sonho que ainda falta realizar?
Vários, ainda faltam muitos. Falando de carreira internacional, óbvio que é uma coisa que sempre acreditei e sempre busquei, não imaginaria que seria tão rápido. Óbvio que estamos a começar, mas as músicas tomaram um tamanho bem grande de forma orgânica e natural. Foi acontecendo e só me estou a preparar cada vez mais.
Uma das parcerias, porque são várias, que gostaria muito de fazer é com o rapper Lil Nas X, ele acabou de se apresentar aqui no Lollapalooza, tive oportunidade de o conhecer e ele tem um papel, mesmo sem saber, muito importante na minha formação como artista. É da minha geração e inspirou-me muito. Por coincidência, o meu show do Lolla foi no mesmo dia que o dele e foi no mesmo dia que o conheci. A Anitta fez uma festa de aniversário, ele foi e aí consegui conhecê-lo. Acho que ele seria um ótimo nome para fazermos algo juntos.
O menino de 13 anos, que gostava de tocar batuques, alguma vez imaginou que estaria neste patamar?
Não, até porque na época desses batuques eu nem imaginava que ia ser DJ, nem cantor, nem artista.
Mas o 'bichinho' já estava lá...
Exatamente, ali começou a minha paixão. Lembro-me claramente dessa minha vontade, não só de ouvir música mas também de fazer parte daquilo e, enquanto criança, a forma que encontrei foi pegando um balde da minha casa e tocando em frente à televisão ouvindo música... Foi bem simples, só não sabia que aquele amor já estava a ser construído.
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