Maria Zilda Bethlem vive isolada há seis meses, sozinha, na companhia de dois gatos. A artista brasileira de 66 anos, que brilhou em telenovelas como "Vereda tropical", "De corpo e alma" e "Por amor", exibidas em Portugal, apanhou, em dezembro, uma virose que a obrigou a permanecer acamada durante várias semanas. No início de março, quando estava a recuperar, foi surpreendida pela pandemia viral de COVID-19. Para passar o tempo, a atriz e produtora começou a fazer diretos nas redes sociais.

"O meu filho Rodrigo diz que, inevitavelmente, todos vão apanhar [a doença]. Eu só a apanho se o corona[vírus] ganhar uma perna e [conseguir] entrar nesta casa, porque não saio mesmo", desabafou Maria Zilda Bethlem numa das sessões que promove, de segunda-feira a sábado, às 20h30, no Instagram, algumas delas com artistas convidados, como foi o caso de Lucélia Santos. Durante uma hora, a carioca, que chegou a posar nua para a revista masculina Playboy em 1985, fala de tudo, sem tabus e sem censura.

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"As pessoas estão muito caretas. Pode-se dizer tudo [nestes diretos]. Se alguém me quiser processar, posso provar tudo", garante a autora de "A caçadora do amor", o livro de memórias que lançou o ano passado, repleto de relatos e de testemunhos do que a atriz viveu, sobretudo na efervescente década de 1970, antes de abraçar uma nova vida. "Dei metade do que tinha nesta casa. Percebi que preciso de muito pouco para viver. Vou vender esta casa enorme [uma habitação de três andares no Rio de Janeiro] e mudar-me para um pequeno apartamento de dois quartos, um para mim e outro para receber um hóspede", revela.

"Não preciso de mais que isso", assegura. A lutar contra uma doença degenerativa na retina, que já lhe afetou a visão do olho direito, Maria Zilda Bethlem, que o ano passado regressou ao teatro, numa altura em que a televisão se tem resumido a participações especiais, não se deixa abater. "Sou muito intensa. Quando sinto as coisas, sinto-as de verdade. Já deprimi por causa deste vírus, mas abri este espaço para levar alegria às pessoas, para que durmam com um sorriso no rosto", refere ainda a artista.