Radialista, apresentadora, jornalista e actriz, Margarida Pinto Correia deixou a sua paixão pela comunicação para dirigir a Fundação do Gil, em Outubro de 2003. Mas, em 2010, e pela primeira vez, a instituição de solidariedade sofreu um revés.

“Em 2010, as grandes empresas foram as primeiras a cortar no orçamento e inventei imensas pequenas, e continuo a inventar. Por isso sei que não vou fechar, mas estou muito aflita. 2010 foi o primeiro ano negativo da Fundação do Gil”, admitiu a administradora-executiva da fundação.

De acordo com Margarida Pinto Correia, a instituição tem “oito mil crianças em apoio de gestão emocional dentro dos hospitais, mais de mil no apoio ao domicílio, e a Casa do Gil, que com 16 camas, rodou 40 crianças no ano passado”.

Apesar dos contratempos, Margarida garante que desistir não é opção: “Eu sou muito positiva por natureza, e acho que às vezes é uma defesa, e quanto mais nós mexemos neste horror, mais nos sentimos obrigados a continuar. Eu não tenho o direito de parar ou de desistir”.

Mas o tempo de crise não é apenas sentido nos cofres da Fundação, pois também o número de famílias dependentes da instituição aumentou: “No âmbito do apoio ao domicílio, em que retiramos crianças dos hospitais com doenças crónicas e damos apoio clínico em casa, no último semestre seguramente mais que duplicou o pedido de apoio para medicação, fraldas e alimentação de base da família inteira. As famílias estão a ter de decidir entre o supermercado e a farmácia, o que é terrível. Uma medicação pesada não pode não estar bem alimentada e vice-versa”, afirmou a incansável Margarida Pinto Correia.

(Texto: Vanessa Costa Nunes)