A produção do canal National Geographic conta a história verdadeira da chegada do vírus Ébola aos Estados Unidos em 1989 e tem Liam Cunningham num dos papéis principais, a par de Julianna Margulies ("The Good Wife", "Dietland", "ER") e Topher Grace ("That '70s show", "BlacKkKlansmann", "Spider-Man 3").

"Eu ouvi esta história há muito tempo e foi extraordinário para mim que o Ébola tenha sido encontrado a 30 quilómetros da Casa Branca", disse o ator em entrevista a vários jornalistas sobre o novo projeto. "Achei isso incrível".

Cunningham interpreta Wade Carter, um especialista em Ébola que se tornou infame por decisões controversas no passado e que é chamado a ajudar a tenente-coronel Nancy Jaax (Julianna Margulies) a conter o surto do vírus detetado em macacos trazidos das Filipinas.

"A natureza perigosa desta doença horrífica é algo que não me parece que o mundo esteja a levar a sério o suficiente e a investir dinheiro, instalações e equipamentos para conter e se livrar disto", afirmou, considerando que este "é um problema de todo o mundo" e que a National Geographic pretende criar consciência disso.

"Há muita gente que sabe que é uma doença horrível e é terrível o que faz ao corpo humano, mas é algo que quase parece um fantasma, que está a acontecer num local muito longínquo a pessoas estrangeiras", declarou. "E isso não é verdade".

Embora a história se baseie no livro de não-ficção "Zona Quente", publicado por Richard Preston em 1994, a personagem Wade Carter foi criada propositadamente para a série. É usada para explicar as origens do vírus Ébola em África, através de sucessivos 'flashbacks' para 1976, quando Wade Carter viajou pelo Zaire em busca de informações sobre uma infeção mortal que dizimou aldeias inteiras.

Liam Cunningham usou a sua própria experiência de vida em África para construir o seu personagem, já que viveu no continente africano durante três anos e meio nos anos 1980.

"A minha preparação foi feita há 35 anos, andando nas aldeias da África rural", partilhou. "Quando vemos a personagem Wade Carter no Land Rover a conduzir por África, isso era algo que eu costumava fazer antes de me tornar ator".

Cunningham disse que parte da atração deste papel foi "fazer chegar a história às pessoas", contando eventos dramáticos que espelham "a natureza horrífica desta doença".

Os aspetos ficcionais do seu personagem foram necessários, indicou, porque a ciência, sendo académica e repetitiva, "não é a coisa mais fascinante de pôr na televisão em termos de drama".

"O importante para nós é que fizemos esta história interessante para manter a atenção das pessoas mas ao mesmo tempo mostrar-lhes que esta doença está a uma viagem da porta de casa de qualquer pessoa".

As gravações decorreram no norte de Durban, na costa leste da África do Sul, em representação da floresta tropical do Congo. "Uma das coisas mais assustadoras é que tínhamos um especialista que andava à nossa frente a afastar cobras para não as pisarmos quando estávamos a rodar", contou. "Isso adicionou tensão ao trabalho e foi um pouco assustador, mas valeu a pena".

A série utiliza a paranoia do contágio de forma premente, com a intenção de mostrar que o perigo não está afastado. "Não queremos assustar as pessoas, queremos que saibam que isto pode ser contido mas precisa de ter a atenção necessária", sublinhou Cunningham. "Há forma de vencer isto, mas apenas se usarmos os recursos que temos. Temos de ter noção que uma pandemia pode acontecer, facilmente, com esta doença".

O vírus altamente infeccioso está ativo e já matou 1.866 pessoas desde agosto de 2018, altura em que a República Democrática do Congo declarou o seu décimo surto de Ébola nos últimos 40 anos. É o segundo surto mais mortífero desde que há registo.

'The Hot Zone' é uma série criada por James V. Hart, Brian Peterson e Kelly Souders, com estreia marcada no canal National Geographic Portugal a 22 de setembro.