Que balanço faz dos meses de gravações do filme "Arte de Roubar"?
Foi maravilhoso! Colegas extraordinários, pessoas super-envolvidas, empenhadas e com o coração do tamanho do mundo. O Enrique Arce e a Flora Martínez, com quem trabalhei mais directamente, vão ficar meus amigos para a vida.
No filme você é filho de emigrantes portugueses nos Estados Unidos. Como é que se preparou para esse papel?
Eu vivi em Nova Iorque durante quatro anos e ia muito a Newark, onde a comunidade portuguesa é muito forte, é uma Tugolândia. Portanto é um universo que eu conheci, é-me familiar esta situação de ser de uma nacionalidade e estar desterrado noutro país.
Este filme português é todo falado em inglês. Isso constituiu uma dificuldade?
Não. Correu bem. O nosso ponto comum é o inglês porque eu não falo bem espanhol mas falo bem inglês. Todos nós tivemos experiências no estrangeiro de alguns anos, eu estive em Nova Iorque, a Flora também esteve em Los Angeles. Para além disso eu já tinha filmado em inglês.
O realizador Leonel Vieira acredita que este filme pode vir a ser um sucesso internacional
Este filme é um produto muito completo a todos os níveis e bem conseguido. Espero que, de facto, possa criar oportunidades a outros realizadores e actores para que se acabe com este complexo de que não somos capazes de fazer isto ou aquilo.
A nível de imagem, este filme é muito específico. Vai surpreender o público?
O guião é surpreendente, a realização é muito forte, a direcção de fotografia é maravilhosa. As pessoas vão ficar surpreendidas com a qualidade e com a opção estética da imagem. A banda sonora é toda portuguesa, de músicos que têm uma influência americana muito grande, que se enquadra muito bem neste universo de road movie/trailler. Tem também muitos efeitos especiais trabalhados na pós-produção. Há uma série de passos novos que espero que resultem.
Prefere fazer televisão ou cinema?
Eu gosto de representar em qualquer meio, desde que o objectivo seja fazer alguma coisa bem feita. Não interessa onde...
Qual é o estado da ficção em Portugal?
É preciso criar condições estruturais de produção em televisão para não termos de gravar tantas cenas por dia. Os americanos não são melhores do que nós, simplesmente têm condições... Lá, até os ensaios são pagos, por exemplo. Muitas vezes pede-se um amor à camisola que eu entendo, mas que não pode ser eternamente aplicado. Isto é trabalho e por isso tem de ser pago. Os ensaios são fundamentais e o dinheiro investido em ensaios vai-se repercutir em menos horas de gravação porque estamos todos mais preparados.
Quais são os próximos projectos?
Descansar. A minha imagem vai aparecer agora em muitos projectos e eu acho que é demais para um mercado tão pequeno. Não quero que as pessoas se saturem do Ivo Canelas.