Que projetos tem neste momento?

Ando dedicada ao poker. Vim agora de um torneio em Marrocos e vamos ver se é para continuar, porque gosto muito de jogar.

O poker ainda é um mundo muito masculino?

O rácio é de cerca de uma mulher em cada 10 homens. Gostava que houvesse mais mulheres a jogar, gosto muito de as ver jogar. Por isso, espero que me convidem mais vezes para continuar a incentivar as mulheres a jogar poker.

Ser mulher dá alguma vantagem no poker, nos “blufs” por exemplo?

Em geral, eles sabem que as mulheres só vão a jogo quando têm certezas. Há esse respeito e não fazem “blufs” connosco.

Usa algum acessório para jogar, como óculos de sol?

Já experimentei usar óculos de sol e senti-me lindamente mas como não ganhei o torneio não voltei a pô-los. Mas foi muito bom, porque podemos observar o que os outros fazem e realmente dá jeito. Uso óculos graduados para ver as cartas porque, às vezes, estão longe e não convém demonstrar que estamos demasiado interessados em vê-las…

A Helena consta de algum dos rankings do poker?

Não, não. Jogo há muitos anos, mas só comecei a dedicar-me um bocadinho mais quando me convidaram a ir um torneio em Londres, em outubro passado.

Joga em representação de alguma marca ou entidade?

Não. Agora, em março, no torneio de Marrocos, em Tanger, por exemplo, fui convidada porque a organização tem por hábito convidar algumas mulheres.

Ficou em que lugar, em Marrocos?

Fiquei muito bem classificada, ganhei um satélite, ou seja, um bilhete para entrar no grande torneio, cujas entradas custam mil euros. E eu nunca iria dar essa quantia para entrar num torneio. Para já não. Depois fui ao grande torneio e fiquei a 20 lugares do prémio final. Para mim foi uma vitória porque estava muita gente a jogar.

Gostava de fazer do poker o seu modo de vida?

Se me pagarem, sim. Agora, eu a investir não porque, para já, é muito arriscado. Ainda não tenho uma banca, ou seja, dinheiro suficiente para ir jogando sistematicamente. Talvez se um dia ganhar um prémio invista aqui ou ali, mas sei que é muito difícil.

Então, por enquanto, ainda não passa de uma amadora…

Sim e ainda tenho algumas lacunas para corrigir. Se, por exemplo, estou numa mesa com muita pressão em que já atingi um patamar elevado, não sei lidar com a situação.

Preciso ainda de ganhar muita experiência.

Quando começou a jogar poker?

Há cerca de dez anos. Mas sempre entre amigos ou online. Ao vivo nunca tinha jogado até ir a Londres, o que para mim foi uma adrenalina. E agora até tenho ido a alguns torneios para perder essa adrenalina que não ajuda nada, é mesmo muito forte. Sinto calor, sinto frio, tremores, o coração a bater…

E não convém mostrar as armas ao inimigo…

Nunca! Tenho de controlar esses nervos, aprender a aguentar a pressão quando já estou num patamar elevado e ter muita confiança para não ter medo das jogadas.

Já se sente preparada para uma final de grande torneio?

O de Tânger foram quatro dias, com dez horas por dia de poker. É muita coisa a acontecer. Quando perdi senti uma frustração muito grande. Não foi porque queria o dinheiro do prémio, mas sim porque estava ali a conquistar uma vitória pequenina, aos poucos. Então, quando saí, tive uma descompressão muito grande. Mas tenho de me ir habituando para que, quando me convidarem, saberem que não vou ficar de rastos quando perder.