Tinha 15 anos quando pensou escolher Medicina, motivado pelo fascínio que a cirurgia plástica exercia sobre si.
Não precisou de certificar a sua vocação nos famosos testes psicotécnicos. Sempre o atraiu a modelação do corpo humano.
Os seus colegas já sabiam que era este o seu grande objectivo de vida.
Um objectivo audacioso, já que, conforma sublinha, «em cirurgia plástica, há mil candidatos para três vagas», o que demonstra o grau de exigência desta especialidade. Esse é também um dos motivos por que considera que o estado da cirurgia plástica em Portugal está ao nível dos melhores países. «Temos uma formação longa e exigente e intercâmbios técnico-científicos constantes com o Brasil, Europa e EUA», assegura.
A sua maior preocupação quando opera é a satisfação do paciente. «A cirurgia plástica é uma cirurgia de resultados», como costuma afirmar. A expressão que mais gosta de ouvir é, «valeu mesmo a pena». Durante a consulta apresenta fotografias de casos clínicos semelhantes, de forma a permitir uma decisão consciente e motivada.
No acto cirúrgico, o bom senso e a segurança são fundamentais para se obter resultados altamente satisfatórios e naturais. Hélder Silvestre recomenda que os pacientes se submetam a cirurgias em clínicas cirúrgicas com apoio anestésico e anestesista à cabeceira. «Se funcionarmos desta forma, reduzimos substancialmente o risco. Não podemos facilitar e devemos operar sempre os doentes nas melhores condições para que tudo corra bem», refere.
Por isso acrescenta, «no intra-operatório, sou minucioso. Não opero a olhar para o relógio», desabafa ainda. Para aqueles pacientes que receiam recorrer a uma cirurgia mas que não se sentem bem com o seu corpo, passa uma mensagem de confiança de que a Cirurgia Plástica sofreu uma grande evolução técnica e científica na última década, permitindo que a maioria das cirurgias seja feita sob sedação e anestesia local, o mais indolor possível e com um regresso precoce à vida sócio-profissional.
«Numa cirurgia de aumento de peito, por exemplo, a pessoa vai para casa passadas três horas, bem disposta, apenas com um soutien de desporto. Milhões de pessoas recorrem anualmente a tratamentos de cirurgia plástica, reflectindo a importância social desta arte médica na vida moderna», acrescenta ainda o especialista.
Porque se especializou em cirurgia plástica?
Sempre me atraiu a modelação do corpo humano. Todos os meus colegas de faculdade sabiam que o meu sonho era seguir Cirurgia Plástica. É curioso encontrarmo-nos anos depois e falarmos acerca disso.
O que mais gosta no seu trabalho?
Primeiro que tudo, é ver a satisfação e alteração qualitativa que tem a vida dos pacientes que recorrem a nós. Amiúde, referem um aumento da auto-estima e o reflexo positivo na sua vida sócio-profissional. A maioria destas pessoas não tem qualquer patologia e procura-nos por não se sentir confortável com uma ou várias partes do seu corpo. Temos obrigação de dar o nosso melhor para que as suas expectativas sejam correspondidas.
Veja na página seguinte: O caso clínico que mais comoveu este médico
Já se submeteu a alguma cirurgia plástica? Ainda não. Quando necessitar, não tenho dúvida que o farei. Já operou alguém de família? Apenas em pequenas coisas. Nunca fiz uma cirurgia plástica estética a familiares, apesar de não ter qualquer problema ético para a realizar. O que mais o atrai no corpo humano? Indiscutivelmente, a face, pela beleza e complexidade. Depois, considero que as pessoas não são elegantes por serem mais altas ou mais baixas. São elegantes se tiverem um contorno corporal adequado. Já algum paciente o comoveu de forma especial? Sim. Vários pacientes já me comoveram. No entanto, posso referir o caso clínico de uma jovem com pouco mais de 20 anos que foi vítima de acidente de viação, atropelamento por veículo pesado enquanto passeava de bicicleta. Apresentava múltiplos e graves traumatismos no abdómen e membros inferiores e grave risco de vida. Foi submetida a várias intervenções com recurso a diversas e complexas técnicas de cirurgia plástica, de forma a que a sua recuperação apresentasse as menores sequelas possíveis. Foi emocionante passado um ano e meio revê-la grávida, feliz e cheia de vitalidade. Qual foi o momento mais importante da sua carreira? Em termos académicos, foi finalizar a especialidade e ver o meu sonho concretizado. Desde que entrei na faculdade, foram necessários 14 anos. Um longo e exigente percurso mas altamente gratificante. O que seria se não fosse cirurgião plástico?
Não me imaginava a fazer outra coisa.
Qual o avanço científico por que mais anseia?
A cirurgia plástica actua na parte visível do corpo humano. Com as melhores técnicas procura deixar as cicatrizes o mais imperceptíveis possível. No entanto, numa percentagem de doentes, as cicatrizes demoram mais tempo a atingir o resultado esperado.
Será um avanço fantástico quando a tecnologia permitir intervir sem sequelas, cicatrizes visíveis.
Percurso profissional
Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, especializou-se em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética. Foi chefe de equipa de urgência de Cirurgia Plástica do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) e assistente Hospitalar no CHLC com especial dedicação à cirurgia facial e do contorno corporal.
Fez múltiplos estágios internacionais, entre os quais na Clínica Pintanguy, no Rio de Janeiro, em 2003, e no Hospital Privado Zarzuela, em Madrid, em 2004, e é formador em Medicina Estética de diversas empresas internacionais, destacando a formação em relevo facial no Brasil (no Rio de Janeiro e em São Paulo) com Sub-Q e em contorno labial na Eslovénia.
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