Judite Sousa sentou-se à conversa com Manuel Luís Goucha, na tarde desta quinta-feira, para a primeira grande entrevista desde que regressou à televisão, há cinco meses, para integrar a equipa da CNN Portugal.

A conversa começou precisamente por recordar os dois anos e meio que esteve afastada do jornalismo. Judite Sousa, de 59 anos, revelou que foi durante esse período que conseguiu fazer o luto do filho, André, que morreu em junho de 2014.

"Quando o André morreu ninguém, nem mesmo os médicos, me disse que tinha de parar de trabalhar para fazer o luto do meu filho. Disseram que devia voltar a trabalhar para me salvar. Vim a perceber mais tarde que o luto devia ter sido feito nessa altura, acabei por fazê-lo nestes últimos três anos", afirmou.

Com uma enorme admiração pelo filho, Judite Sousa recordou a personalidade carismática de André. "Era um ser excecional. Fui muito exigente com ele. Disse-lhe sempre: 'Tens de ser grande, tens de ter boas notas, ser bom aluno, para teres oportunidades de trabalho que te satisfaçam'. Ele era brilhante, mas tinha de ser exigente com ele".

E continuou: "Ele viveu intensamente e muito. Viajou por mais de 50 países. Tínhamos uma coisa muito engraçada, contávamos os países que tínhamos visitado e ele estava sempre à minha frente. Depois de terminar Erasmus, foi viajar durante três meses pela América Latina, por isso é que ele estava à minha frente. Tinha centenas de amigos, muito sociável, nesse aspeto era muito diferente de mim, mais parecido com o pai. Tinha um grande sentido de humor".

A meio da conversa, a jornalista foi surpreendida com mensagens carinhosas deixadas por alguns jovens, amigos de André, que a deixaram particularmente comovida. Judite referiu inclusive que estes são os seus verdadeiros amigos atualmente.

"Os meus melhores amigos são estes jovens. Muitos amigos que me acompanhavam há 40 anos viraram-me as costas. Não aguentaram as minhas lágrimas. Só posso ter piedade em relação a essas pessoas. Voltaram-me as costas quando eu estava doente, deprimida. Estava com uma depressão grave", lamentou.

Questionada se alguma vez pensou em pôr termo à vida, a comunicadora não escondeu a verdade: "Sim, houve uma situação que foi pública até. A morte de um filho tem uma dimensão distinta das outras mortes, nesses casos as pessoas caem numa situação limite, como aconteceu comigo".

"Hoje estou completamente curada. Nessa conversa que tive há cinco meses com o meu terapeuta, ele disse: 'Está impecável, pode seguir.' Não pensava de todo voltar à televisão. Estava bem, tinha 58 anos, em casa, confortável, via as séries todas da Netflix e viajei", rematou.

Judite Sousa mostrou-se grata pelas "oportunidades profissionais" que o jornalismo lhe continua a dar. A profissão, garantiu, é um dos amores da sua vida.

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

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