"É particularmente obsceno ouvir Cinha Jardim". Foi com estas palavras que Luís Osório deu início a uma publicação onde fala sobre a celebridade e comentadora de reality show da TVI.

Inicialmente, o jornalista começou por falar do passado de Cinha Jardim, recordando a relação com Pedro Santana Lopes e o facto de ser filha de Jorge Jardim, "durante muitos anos um homem de confiança de Salazar em África".

De seguida, reagiu a um comentário feito por Cinha Jardim a propósito do ‘Big Brother 2021’.

"Na televisão, nos seus sempre elucidativos comentários, Cinha Jardim disse assim a propósito de um qualquer cozinhado da casa de segredos: 'Em minha casa não há douradinhos, pretinhos ou escurinhos'. Disse-o como se fosse uma piada. Não é a primeira vez – há uns largos meses, chamou de pretinho um concorrente de uma outra edição da casa. E quando aconteceu a polémica de Marega – o ataque racista de que foi alvo – Cinha Jardim também foi muito clara sobre o que lhe vai dentro da cabeça", disse.

"Vamos lá a ver. Não gosto de uma certa ditadura do politicamente correto, mas parece-me ofensivo que um canal de televisão pactue com pessoas que veiculam discursos racistas e uma linguagem ordinária que agride qualquer pessoa bem formada", acrescentou.

Veja abaixo o texto de Luís Osório na íntegra:

"POSTAL DO DIA
É particularmente obsceno ouvir Cinha Jardim
1.
Cinha Jardim que já foi namorada de Pedro Santana Lopes e mais umas quantas coisas menos relevantes, continua a fazer comentários na TVI sobre tudo o que acontece na Casa dos Segredos onde rapazes e raparigas nos oferecem o melhor de si para que um dia, se tudo correr mal no planeta, o “criador” não se arrepender quando resolver encomendar a nossa alma ao esquecimento.
2.
Cinha Jardim é filha de Jorge Jardim, durante muitos anos um homem de confiança de Salazar em África. Um pai que enriqueceu e construiu um império em Moçambique. Cinha cresceu no orgulho de ser filha de um homem que era um aventureiro e um vencedor, um homem pragmático que fez o que foi preciso em nome de uma ideia de Império que só podia confluir num Portugal do “Minho a Timor”.
3.
Desculpem a introdução para ir ao que me interessa. Na televisão, nos seus sempre elucidativos comentários, Cinha Jardim disse assim a propósito de um qualquer cozinhado da casa de segredos: “Em minha casa não há douradinhos, pretinhos ou escurinhos”. Disse-o como se fosse uma piada. Não é a primeira vez – há uns largos meses, chamou de pretinho um concorrente de uma outra edição da casa. E quando aconteceu a polémica de Marega – o ataque racista de que foi alvo – Cinha Jardim também foi muito clara sobre o que lhe vai dentro da cabeça. Vamos lá a ver. Não gosto de uma certa ditadura do politicamente correto, mas parece-me ofensivo que um canal de televisão pactue com pessoas que veiculam discursos racistas e uma linguagem ordinária que agride qualquer pessoa bem formada.
4.
Se na semana passada critiquei a “socialite” que defendia que algumas praias deveriam ser pagas para serem mais bem frequentadas, esta semana não poderia deixar de escrever sobre esta pessoa que aos meus olhos é estranha, incompreensível e particularmente obscena. Sobretudo vindo de uma pessoa que tanto fala de Deus e da Igreja Católica quando define o que é a sua vida.
Como é possível? Como é que ela justificará a existência dos “pretinhos” à luz dos ensinamentos de Jesus Cristo? Só me parece que existe uma hipótese, é a única que encontro – para ela, e para outros racistas crentes, os negros não são filhos de Deus. Provavelmente deveriam estar na selva com os outros macacos. Que horror, que vergonha, que nojo".

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