O realizador de "O Último Tango em Paris", Bernardo Bertolucci, de 67 anos, que veio a Portugal para ser homenageado no Estoril Film Festival, solicitou ajuda divina para poder continuar a trabalhar no cinema.
"Espero que no Estoril aconteça o último milagre de Fátima", disse o italiano na abertura da gala, no Casino do Estoril, referindo-se ao seu precário estado de saúde. Desde 2003, depois de "Os Sonhadores", Bertolucci tem enfrentado doenças que o atiraram para uma cadeira de rodas e o impedem de rodar mais filmes.
No seu discurso em francês ("Não sei porque raio estou a falar francês se sou italiano e me encontro em Portugal", brincou ele), Bertolucci agradeceu ao director do festival, Paulo Branco, a homenagem, que foi acompanhada de uma retrospectiva da sua obra. "Gosto muito do Paulo Branco, que é o mais charmoso dos piratas portugueses", disse Bertolucci.
Na abertura deste festival, que decorre até dia 21, juntaram-se nomes de outros notáveis, como o de Catherine Deneuve (actriz francesa), Paul Auster (escritor e realizador norte-americano), J.M. Coetzee (prémio Nobel da Literatura em 2003), Cristina Iglesias (escultora galardoada com o Prémio Nacional de Espanha), Louis Garrel (actor francês), Pascal Bonitzer (escritor e argumentista).
Caras nacionais também abrilhantaram a festa, como as actrizes Maria João Bastos, Soraia Chaves, Sandra Cóias e Catarina Wallestein.
O festival, orçado em cerca de três milhões de euros, inclui ainda uma secção dedicada às principais escolas de cinema europeias e uma espécie de "Estados Gerais" da crítica cinematográfica, com a participação de 40 dos mais importantes críticos de cinema do mundo, além do segundo encontro da Europa Distribution, rede formada por 60 distribuidores independentes de 20 países europeus.
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