O que podemos esperar deste novo “Azucar”?

Este álbum é um bocadinho a evolução dos meus trabalhos anteriores, uma mistura de ritmos latinos com alguma sonoridade nossa. “Azucar” é uma expressão muito usada pelos cantores latinos de salsa e merengue, um grito de incentivo e energia, a bomba de oxigénio de que os intérpretes precisam para continuar…

O CD tem participações de músicos de vários países, não é?

Sim, há uns tempos comecei a trabalhar com artistas de outros países. O “Colesterol de Amor” foi uma música também produzida nos Estados Unidos e na República Dominicana. Foi nessa altura que se deu lá o ‘boom’ da música latina e comecei a ter mais pedidos de artistas para gravarem comigo. O CD vai ser lançado em todos os países de origem dos músicos com quem colaborei – Equador, Venezuela, Argentina, Espanha… 

Com tão grande variedade de artistas, que tipo de música podemos encontrar em “Azucar”?

Quero pôr toda a gente a mexer a cintura. Temos electromambo, tecnomerengue… o tipo de música que eles habitualmente tocam no mundo latino. É um álbum muito divertido, muito fresco, em que podemos encontrar, por exemplo, uma malha de merengue tocada em piano juntamente com um acordeão que é muito nosso, muito português.

De onde é que lhe vem essa paixão pelos ritmos latinos?

Já vem dos tempos em que eu ainda era pequenina O meu pai (José Malhoa), foi sempre um grande consumidor de música latina. Em casa, nas viagens de carro, um pouco por todo o lado, esses sons e ritmos acompanhavam-nos sempre. Quando comecei a cantar e tive oportunidade de viajar por todos esses países, fui conhecendo mais coisas e aprofundando os meus conhecimentos. Acabei por achar o meu caminho, a minha própria musicalidade, a que me faz sentir bem, mas sem descaracterizar o que é a nossa música. 

Temos a música, o ritmo, e também a sua imagem de mulher latina, sexy, muito arrojada, cheia de curvas. É tudo pensado?

É óbvio que é sempre pensado. Cada um dos meus “looks” é pensado em função dos espetáculos e das coreografias. Gosto de tudo muito bem encaixado, com o espetáculo a funcionar como um todo. Para mim o espetáculo é mesmo muito “show”, com roupas diferentes para cada uma das partes. 

Em Portugal, isso não é lá muito frequente… 

Pois (risos). É verdade. Mas isso é como em tudo… Há quem goste e quem não goste. Eu não faço nada para chocar ninguém. A forma como me visto ou as tatuagens que tenho, a forma como idealizo um espetáculo ou um videoclip, não é para ofender. Faço-o em primeiro lugar por ser aquilo de que gosto e, depois, porque penso nos fãs que esperam isso de mim. 

Dá muito trabalho manter essas curvas todas no sítio?

(Gargalhada) Estar duas horas em cima de um palco exige muita energia. Há que cantar, dançar, saber as coreografias… É preciso ter capacidade física e psicológica para aguentar. E não é só um dia, são dias seguidos quase sem dormir, a viajar de um lado para o outro. Não vou estar aqui a dizer que é fácil. Sai do corpo. E a parte estética também é muito importante para o espetáculo.

A Ana começou a cantar com 6 anos, não foi?

Sim. Sempre estive com o meu pai nos espetáculos, cresci ao lado dele no palco e, portanto, para mim foi sempre uma escolha natural. Se calhar porque sempre vi o meu pai muito apaixonado por aquilo que fazia, pela música…

A sua filha, Índia, também já canta e é cheia de atitude…

É muita atitude, mesmo! Aquilo são 13 anos de muita atitude concentrada. Ela é completamente apaixonada pela música. Decidiu quando e como queria fazer. Nós deixámos-lhe o caminho livre para ela tomar as suas próprias decisões. Claro que a prioridade absoluta dela é a escola, tem que cumprir essa parte para ter a música, mas, até agora, tem conciliado na perfeição.

Os três (pai, filha e neta) em cima do palco é uma festa?

Já aconteceu. As três gerações. Temos três músicas gravadas a três nos últimos álbuns do meu pai. E temos um projeto de palco que corre sempre muito bem. 

E não é emocionalmente complicado para o seu pai?

Não, de todo. Ele tem uma postura muito jovem. Ainda há pouco a Índia partilhou na net uma brincadeira que fez em estúdio a partir do “Gangnam Style”. Ela gravou o “Índia Style” e ele telefonou-lhe e cantou para ela a música dela… A Índia está em estúdio a gravar um novo CD. Teve 160 mil visualizações na net em menos de 24 horas. É incrível para uma miúda de 13 anos!