O Parlómetro de 2020 (o eurobarómetro do Parlamento Europeu) dedica um capítulo à utilização da internet, assinalando que, “a par das preocupações com as finanças e a economia, um dos fatores-chave da pandemia têm sido as alterações nos padrões laborais, com uma grande mudança para o teletrabalho”.
Essa mudança evidenciou a importância do acesso à internet, realça o estudo, indicando que em quatro dos 27 Estados-membros da União Europeia “mais de um em cada quatro” cidadãos “nunca usam a internet em casa ou não têm acesso à internet”.
Os quatro Estados-membros são a Roménia (31%), a Bulgária (28%), Itália e Portugal (ambos 27%). No caso de Portugal, 22% nunca usam e 5% não têm acesso.
Num ‘webinar’ organizado hoje pelo Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal para debater os dados do Parlómetro de 2020, o politólogo e analista Pedro Magalhães mostrou-se preocupado com este indicador nacional, realçando o que ele significa no atual contexto de teletrabalho e aulas online, imposto pela pandemia de covid-19.
“Tem um potencial brutalmente inigualitário”, alertou.
A média europeia dos que nunca usam a internet em casa situa-se nos 13% e desce para dois por cento nos que admitem não ter acesso a internet.
Segundo o inquérito, três em quatro dos mais de 27 mil cidadãos europeus inquiridos no Parlómetro – entre novembro e dezembro de 2020 – usam a internet em casa diariamente ou quase diariamente, mais cinco pontos percentuais do que em outubro de 2019.
Em 13 Estados-membros, mais de nove em dez pessoas usa a internet diariamente ou quase diariamente, uma tabela liderada pela Grécia e a Suécia, com uma taxa de 97 por cento.
Em contraste, menos de sete em dez inquiridos fazem uma utilização diária ou quase diária em países como Áustria (69%), Portugal (68%), Hungria (66%), Bulgária (63%), Roménia e Itália (60%).
O Parlómetro refere diferenças na utilização da internet consoante a faixa etária e o nível de educação dos europeus inquiridos, com o grupo 15-24 anos com uma taxa diária ou quase diária de 94% e o grupo 25-39 anos de 92%.
Esta percentagem desce para 84% na faixa etária dos 40-54 anos e para 57% nos que têm mais de 55 anos.
A utilização também difere consoante o nível de educação, sendo mais baixa em quem abandonou a escola entre os 16 e os 19 anos (72%) e aos 15 anos (37%).
Verifica-se ainda uma ligeira diferença entre mulheres e homens, com as primeiras a utilizarem a internet um pouco menos diária ou quase diariamente (74% contra 78% dos homens).
O Parlómetro analisa as perceções e as perspetivas dos cidadãos europeus sobre as suas vidas, os seus países e as instituições comunitárias.
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