Note, se lhe perguntar qual é o preço de um bolo rei, provavelmente saber-me-á responder: ronda entre os €15 a 25€ o kilo. Porém, se lhe questionar qual é o valor inerente à presença de um bolo-rei na sua mesa de Natal, a resposta poderá ser bem distinta. Haverá quem não imagine viver esta quadra sem consumir bolo-rei, e haverá certamente quem não faça questão nenhuma de comprar um. Não é o preço que está em causa, felizmente. Desde o bolo-rei de qualquer uma das cadeias de hipermercados ao da tradicional pastelaria Garrett, há opções para todas as pessoas que gostam de consumir este doce.

Porém não é sobre o bolo-rei que lhe quero falar. O meu intuito é que faça uma associação aos seus bens, às suas escolhas, às suas decisões, às suas prioridades.

O valor que atribuímos é muito pessoal. Não há de facto quem atribua o mesmo valor que nós, pois o mesmo advém das nossas experiências, das nossas expetactivas, das nossas referências, da nossa cultura, e, muito importante – da percepção do nosso próprio valor.

Se decidir parar por um momento para refletir sobre as suas compras mais importantes no decorrer deste ano, com certeza que irá identificar algo que ambicionava muito concretizar, e que provavelmente poderia ser uma vontade mais antiga, mas que teve de aguardar pela oportunidade certa, no tempo certo.

Das viagens às formações, por exemplo, ambas podem ser percecionadas como ‘uma cenoura’ (um troféu) que quer ganhar. À medida que vamos crescendo as prioridades também tendem a mudar, começamos a ser mais exigentes: optamos por nutrir e não consumir.

Quantas vezes considerou que o preço é elevado face ao valor que revê na entidade que presta o serviço em causa? Na perspetiva de consumidor é o valor que revemos na entidade que pode colocar tudo em causa, pois sempre que valorizamos algo, o preço não é a questão, talvez o timing seja.

É muito recorrente, nas entrevistas de emprego, por exemplo, haver um enorme constrangimento quando é a altura de abordar a componente financeira. Porquê? Porque o individuo tende a não reconhecer o seu valor pessoal, muitas vezes está refém de uma obrigatoriedade mensal, e, em vez de olhar para dentro do seu coração, está obcecado em que o seu extrato bancário seja representativo do seu valor pessoal. Está tudo errado, não é congruente!

Não é o que ganhamos que nos diz quanto valemos, não é o preço que nos propomos a pagar que nos diz quanto é que valemos. Tal qual os prestadores de serviços, os freelancers, os empreendedores, também estes têm muitas dificuldades. Na maioria das vezes apenas algum tempo depois de atuarem no mercado é que começam a questionar o valor acrescentado Vs o preço a definir pelos seus serviços.

O valor que atribui é inerente ao que valoriza de forma inconsciente. Deixo-lhe a seguinte proposta:

  • Comece por escolher uma área de vida (família, trabalho, relação, formação, saúde);
  • Defina quais são os cinco valores primordiais na área de vida que escolheu;
  • Olhe bem para esses valores e se tivesse que os resumir apenas a três, quais são os dois que excluía?;
  • Agora avalie essa área de vida, o que é que não existe atualmente, mas que, ainda assim, lhe permite ficar?

Talvez consiga reconhecer a diferença entre preço e valor quando estiver a sorrir internamente pela escolha que fez, e da qual não teve necessidade de aprovação externa.

É a escolha proveniente do coração, a escolha que é gentil e generosa. A escolha que lhe permite deitar a cabeça na almofada e sentir-se em gratidão com a vida. Não é o preço que paga, à custa sabe Deus de quê, para agradar e corresponder a expetactivas alheias.