Acontece somente na Suécia, mas ninguém sabe exatamente porquê. Göran Bodegård, diretor da psiquiatria infantil no hospital universitário Karolinska, em Estocolmo, publicou um artigo médico na revista clínica "Acta Pædiatrica" no qual garante que os seus doentes ficam "totalmente passivos, imóveis, retraídos, mudos, incapazes de comer e de beber, incontinentes e sem reação perante estímulos físicos ou de dor". "Em autêntico estado de coma", acrescenta.

Segundo o jornal espanhol, o primeiro caso de Síndrome de Resignação foi registado em 1998, mas só agora foi tornado público.

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A patologia afeta, sobretudo, crianças e adolescentes refugiados na Suécia e provenientes de países da antiga União Soviética, como a Jugoslávia, ou oriundos de grupos minoritários como os yazidis. Os sintomas apenas surgem quando descobrem que o seu visto foi negado.

Segundo o jornal espanhol, as crianças que sofrem desta condição não possuem nenhum tipo de problema físico ou neurológico. Alguns médicos referem-se à doença como uma "histeria epidémica", lê-se no artigo publicado em 2005.

Duas décadas depois do primeiro caso descrito, o enigma ainda não foi resolvido: entre 2015 e 2016 o Conselho Nacional Sueco de Saúde detetou 169 novos episódios, informa a BBC.

Várias teorias em cima da mesa

Segundo Göran Bodegård, todas as teorias propostas para esclarecer o mistério falharam e os casos sucedem-se. Para o neurologista Karl Sallin, trata-se de uma psicogénese cultural, ou seja, os jovens assimilam aquele padrão que se tem repetido no país e que sucede numa espécie de efeito dominó.

Para a médica otorrinolaringologista Elisabeth Hultcrantz, que trabalhou na organização Médicos do Mundo, esta síndrome é um mecanismo de proteção: "Acho que é uma forma de autoproteção. São como Branca de Neves", comenta ao referido diário espanhol.

No entanto, há outras teorias em cima da mesa, como a dos mais céticos que consideram que são os próprios, ou os seus familiares, a autoinduzir este "coma" para adiar a deportação.