À margem do balanço da adesão à greve dos médicos, que hoje começou, o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, assume como “facto político” que, a partir de agora, o ministro Adalberto Campos Fernandes tem de passar a estar presente nas reuniões de negociação com os sindicatos.

Os dois sindicatos que convocaram a paralisação nacional de dois dias estão em negociações com o Governo há cerca de um ano e até agora as reuniões têm decorrido com os secretários de Estado da Saúde e sem a presença do ministro.

“Houve ligeireza do Ministério na forma como encarou as negociações”, critica Roque da Cunha, em declarações aos jornalistas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde fez um primeiro balanço da adesão à paralisação na manhã de hoje.

Os dois sindicatos que convocaram a greve conjunta dizem-se prontos a recomeçar as negociações já na sexta-feira para tentar encontrar soluções para os cerca de 30 pontos reivindicativos.

O secretário-geral do SIM assume que os sindicatos estiveram “quase até à última” à espera que as negociações com o Governo resultassem, mesmo depois de já anunciada a data da greve, argumentando que os profissionais foram empurrados para a paralisação dada a ausência de concretização de medidas por parte do Ministério.

“Somos sindicatos de diálogo. A greve para nós é sempre um último recurso”, indicou.

Além de apontar para uma adesão superior a 80% na manhã do primeiro dia de greve, o SIM indica que são vários os blocos operatórios encerrados hoje nos hospitais do país.

Roque da Cunha acrescenta ainda que houve uma “adesão massiva” de médicos internos. Só na Administração Regional do Norte, o SIM diz registar uma adesão de cerca de 95% por parte dos médicos em formação pós-graduada.

Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.

Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.

O Ministério da Saúde tem dito que não negoceia sob pressão e considera-se empenhado no diálogo com os sindicatos médicos.