"Conseguimos descobrir que há 71 praias que têm mesmo zero de poluição, ou seja, são praias onde todas as análises feitas ao longo das três últimas épocas balneares completas não detetaram qualquer colónia, quer de escherichia coli, quer de enterococos intestinais", os dois parâmetros controlados nas zonas balneares, disse hoje à agência Lusa o presidente da Zero.

O trabalho de comparação da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável baseou-se nos resultados das análises disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), referentes às três últimas épocas balneares.

A maior parte das zonas balneares portuguesas abrem hoje, embora a época balnear já tenha começado em algumas praias, como em Cascais, a 01 de maio.

Até 15 de junho todas as praias vigiadas estarão 'abertas', com 4.100 nadadores salvadores, espaços que devem ser preferidos aos 350 quilómetros sem vigilância, conforme os conselhos do Instituto de Socorros a Náufragos e também da Zero.

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Portugal tem 579 zonas balneares, a maior parte costeiras e Francisco Ferreira considerou verdadeiramente fantástico o número de praias sem qualquer contaminação, explicando, no entanto, que uma praia "pode ser excelente apresentando alguns valores [de poluição], na ordem de várias dezenas, sem problema algum".

A Zero encontrou um conjunto de três praias interiores - Vale do Rossim, no concelho de Gouveia, Fraga da Pegada (Macedo de Cavaleiros) e Zaboeira, na albufeira de Castelo de Bode (Vila de Rei) -, uma de transição, numa zona estuarina, em Vila Nova de Milfontes (Odemira), a praia do Farol, e um total de 67 costeiras com "este registo notável de zero poluição" ao longo de três anos seguidos.

"Os concelhos de Vila Nova de Gaia e Vila do Bispo têm cada um seis praias com este perfil e Aljezur consegue ter cinco praias com zero de poluição", avançou o presidente da Zero.

Francisco Ferreira defendeu ser fundamental que os apreciadores de praia frequentem apenas zonas balneares classificadas e chamou ainda a atenção para a importância de as pessoas se responsabilizarem por cuidar destas áreas.

O ambientalista lembrou que, à escala mundial, uma das maiores preocupações com a defesa da natureza relaciona-se com o plástico deixado nas praias e que depois vai para o mar, material que polui e, ao degradar-se em pequenas partículas, é confundido com alimento e ingerido pelos peixes e aves.

Um terceiro apelo da Zero tem a ver com a preservação da paisagem já que muitas destas zonas são sensíveis, com dunas, por exemplo.

O relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês), divulgado na semana passada, refere que as zonas balneares com qualidade excelente são 84,5% do total em Portugal, mas o país ainda tem três casos de má qualidade.