"Senhor primeiro-ministro, o PAN apresentou propostas no Orçamento do Estado para 2017 para o urgente reforço de psicólogos, mas não fomos acompanhados. Questionamos se o Governo está disponível para se voltar a sentar com o PAN no âmbito do próximo orçamento e caminhar para um reforço dos psicólogos na Educação e no Serviço Nacional de Saúde, bem como para melhorar a sua integração efetiva e não precária", questionou o deputado único do partido, André Silva, no debate quinzenal de hoje.

Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa foi perentório: "estamos obviamente disponíveis para nos sentarmos com o PAN para trabalharmos sobre esta matéria no próximo Orçamento do Estado".

O primeiro-ministro ressalvou que, para este ano, só se pode "despender aquilo que consta do Orçamento do Estado".

"O objetivo que temos, adianto-lhe, é que gostaríamos de ter pelo menos um psicólogo por cada agrupamento de centros de saúde e podermos ter mais e com maior estabilidade psicólogos no conjunto dos agrupamentos escolares, de forma a podermos ter um acompanhamento mais precoce da população com necessidades de acompanhamento na área da saúde mental", antecipou, manifestando disponibilidade para "trabalhar para isso tendo em vista o Orçamento de 2018".

André Silva tinha começado por sublinhar que, "pela primeira vez desde 2009, Portugal teve uma taxa de desemprego abaixo dos 10%".

"Positivo, sem dúvida, mas inconclusivo pois estes números escondem uma realidade sombria para muitas profissões. Gostaríamos de focar-nos hoje nos profissionais de psicologia, uma classe com 18% de desempregados", disse.

André Silva lamentou que apenas existam 598 psicólogos no Serviço Nacional de Saúde para um universo de 10 milhões de utentes, sendo Portugal "o terceiro país do mundo com a taxa mais alta de pessoas com perturbações psicológicas".

"Segundo a Ordem dos Psicólogos, a contratação de cerca de 400 psicólogos para o Serviço Nacional de Saúde custaria 24 milhões, mas pouparia ao Estado, em medicamentos comparticipados, internamentos hospitalares e baixas médicas, 123 milhões de euros", comparou.

O deputado único do PAN alertou ainda para o facto de os profissionais que estão empregados viverem "numa enorme precariedade, inclusive dentro do Estado".

"Por exemplo, dos 750 psicólogos ao serviço do Ministério da Educação, cerca de 450 são contratados anualmente ao abrigo da alínea para ‘necessidades temporárias', ou seja, o país não investe na continuidade destes serviços, não investe nestes profissionais", criticou.