Aproveitando o Dia Mundial da Alimentação, que se assinala na terça-feira, a Ordem dos Nutricionistas (ON) alerta em comunicado para a necessidade de aumentar a verba alocada a medidas preventivas, sublinhando que atualmente apenas 1% do orçamento da saúde é dedicado à prevenção, estando abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Para a melhoria dos hábitos alimentares dos portugueses, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, vai enviar durante este mês uma carta a todos os partidos elencando medidas específicas que podem ser acionadas durante a próxima legislatura.

Portugal é dos países europeus com maior número de anos de vida saudáveis perdidos, o que se justifica por um em cada 10 portugueses ter diabetes, um em cada três ter hipertensão, e por um em cada dois portugueses ter obesidade ou excesso de peso, sublinha o comunicado.

“São dados alarmantes, morremos pela forma como estamos a comer. Temos um viver com pouca saúde nos últimos anos de vida. Estamos a falar do futuro do nosso país e a questão que se coloca é: estaremos a cuidar bem da saúde da nossa população?”, questiona Alexandra Bento, recém-eleita bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

A bastonária reforça ainda, no comunicado, que “é necessário educar, formar e criar as condições para que os portugueses tomem decisões alimentares corretas”, o que só é possível com medidas preventivas, nomeadamente com campanhas informativas, a limitação da disponibilidade de alimentos com excesso de sal, gorduras e açúcar, a reformulação dos alimentos, a taxação de determinados alimentos e com nutricionistas no terreno.

Para a Ordem dos Nutricionistas, “o impacto financeiro que as doenças relacionadas com a má alimentação têm no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é demolidor”, sendo que o custo anual com medicamentos antidiabéticos é de cerca de 250 milhões de euros e, com medicamentos para as doenças cardiovasculares, de cerca de 350 milhões de euros.

“Se pensarmos que o volume de encargos com este tipo de medicamentos tem tido um crescimento anual superior ao PIB, não será difícil perceber que, a menos que algo profundo seja feito, o SNS tornar-se-á insustentável”, sustenta Alexandra Bento.

A ON refere que na anterior legislatura foi criada a Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável, onde estiveram envolvidos praticamente todos os ministérios, mas considera que “isto não basta”.

Para a ordem, é necessário “mais ritmo e mais intensidade” e, por isso, espera que o novo Governo desempenhe um papel ativo na promoção de hábitos alimentares saudáveis.

A ON recorda que todos os dias morrem cerca de 100 portugueses devido a doenças cérebro-cardiovasculares e uma parte destas mortes poderia ser evitada através de alterações dos comportamentos alimentares, uma mudança que só pode ser realizada com uma atuação transversal em todas as políticas.