Numa entrevista à AFP, Andrea Ammon, diretora do Centro Europeu para Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), disse que "agora parece mais provável que permaneça" do que desapareça.

"Parece que se adaptou muito bem aos humanos. Portanto, devemos-nos preparar para que o vírus permaneça entre nós", acrescentou ao falar da covid-19.

"Não seria o primeiro vírus a ficar conosco para sempre, então não é uma característica incomum para um vírus", completou a chefe da agência com sede em Estocolmo.

Embora as vacinas reduzam drasticamente o risco de contrair a covid-19, os cientistas ainda não sabem se também evitam a transmissão do vírus.

As variantes, principalmente sul-africana e brasileira, complicam a situação, pois suspeita-se que possam diminuir a eficácia da vacina.

“A questão é saber o que isso significa para a eficácia da vacina”, questionou Ammon, apontando para o exemplo da gripe sazonal, para a qual as vacinas são adaptadas a cada ano.

“É possível que aconteça a mesma coisa, ou que em algum momento (o vírus) estabilize e possamos usar uma vacina por um longo período”, disse à AFP por videoconferência.

"Hipóteses permanecem em aberto"

A missão da OMS recentemente iniciada na cidade chinesa de Wuhan, onde os primeiros casos de covid-19 foram detectados, não conseguiu identificar a origem do vírus, mas parece ter servido para descartar a teoria de que a doença foi criada num laboratório da cidade.

Numa conferência de imprensa virtual realizada em Genebra juntamente com o chefe da missão, Peter Ben Embarek, Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que a equipa realizou "um trabalho científico muito importante em circunstâncias muito difíceis".

"Algumas questões foram levantadas sobre se algumas das hipóteses foram descartadas ... Quero confirmar que todas as hipóteses ainda estão em aberto", explicou Tedros.

“Sempre dissemos que esta missão não encontraria todas as respostas, mas acrescentou informações importantes, que nos aproximam de compreender a origem do vírus”, continuou o chefe da OMS.

Na terça-feira, durante um conferência de imprensa em Wuhan, Peter Ben Embarek rejeitou a teoria de que o vírus havia sido criado num laboratório de virologia de Wuhan.

Brasil, Reino Unido, França, Itália, Portugal

A campanha de vacinação contra a covid-19 no Brasil, onde a imunização da população começou tarde, já está ameaçada pela falta de doses, segundo informações de autoridades de vários estados.

A câmara do Rio de Janeiro avisou em comunicado que só tem doses suficientes para vacinar "até sábado" e em duas cidades da periferia, São Gonçalo e Niterói, a vacinação já está suspensa há vários dias.

O mesmo ocorre com Salvador, na Bahia, e no estado de São Paulo, onde as autoridades sanitárias também tiveram que adiar o início da vacinação para 1 de março.

No Brasil, a vacinação começou há três semanas e mais de 4,5 milhões de pessoas já foram inoculadas. Nos Estados Unidos, em alguns países da União Europeia e em outros países sul-americanos, como a Argentina, a vacinação começou no final de 2020.

No Reino Unido, mais de 14 milhões de pessoas pertencentes a quatro grupos prioritários - mais de 70 anos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades - receberam uma primeira dose das vacinas AstraZeneca / Oxford ou Pfizer / BioNTech até esta sexta-feira, segundo dados oficiais.

Mais de 530.000 pessoas foram vacinadas com as duas doses necessárias, que as autoridades britânicas decidiram espaçar até 12 semanas para poder imunizar rapidamente o maior número de pessoas.

Em França, as autoridades de saúde francesas aconselharam esta sexta-feira o uso de uma dose única da vacina contra a covid-19 para pessoas que já contraíram a doença, tornando-se o primeiro país a fazer essa recomendação.

Pessoas que tiveram covid-19 "desenvolveram uma memória imunitária após a infecção" e "a dose única da vacina terá, portanto, um papel de lembrete", explicou a Alta Autoridade Francesa para a Saúde (HAS).

Por outro lado, o governo italiano decidiu esta sexta-feira estender a proibição de viagens entre regiões por mais 10 dias, no âmbito das medidas para conter a pandemia do coronavírus, informaram fontes oficiais.

Para travar o aumento das infeções, Portugal mantém os "controlos fronteiriços" com Espanha em alguns pontos e limita a circulação entre os dois países, com excepção do transporte de mercadorias, passagem de trabalhadores nas fronteiras e serviços de emergência, afirmou o governo em comunicado.